Decorreu de 24 a 28 de novembro de 2025, em Nairobi, um encontro sobre “A criação de uma Rede de Televisões em África”. O objetivo do encontro foi o de identificar juntos, em estilo sinodal, a identidade, a missão, os desafios e as oportunidades das televisões católicas no Continente Africano a fim de delinear estratégias sustentáveis para difundir o Evangelho através dos meios digitais de comunicação.
Irmã Olga Massango, FSP – Vatican News
Os diretores de televisões católicas, comunicadores, jornalistas e líderes pastorais tomaram consciência durante o encontro da necessidade de pôr em prática os pontos do Plano Estratégico do SCEAM relativos à evangelização através dos meios digitais.
A Irmã Nina Krapic, do Dicastério para a Comunicação, ajudou os participantes a se familiazarem com o projecto digital “Rumo à Presença Plena: reflexão pastoral sobre a participação nas redes sociais” (2023) e a integrarem as diferentes plataformas para que o Evangelho encontre o seu espaço e relevância na Web.
Na sua apresentação, a Irmã Nina confirmou quão urgente é evangelizar e promover a dignidade da pessoa humana através dos social media. Aliás, esta posição já tinha sublinhada na última assembleia plenária do Simpósio das Conferências Episcopais para a África e Madagascar (SCEAM) que teve lugar em Kigali, em Agosto de 2025.
Essa assembleia salientou que “na dinâmica da evangelização mais profunda, a Igreja Católica em África compromete-se a usar também os meios informáticos com discernimento que lhe é devido para o seu uso eficiente e o respeito pela dignidade humana. O rápido emergir da inteligência artificial nos desafia a preparar jovens para testemunharem a fé neste novo areópago dos tempos modernos, novo meio de evangelização”.
Comunicar para incentivar a Sinodalidade
Por seu lado, o Padre André Kaufa, Director das Comunicações da AMECEA, exortou os participantes a usarem esta rede de Televisões católicas em África para disseminar os frutos do Sínodo sobre a Sinodalidade, assim como as “Pistas para a Fase de Implementação do Sínodo 2025 – 2028” a fim de incentivar o intercâmbio de dons entre as Igrejas.
Criar comunhão é uma característica típica dos meios de comunicação, daí que se impõe o “Formar um povo de discípulos missionários” no Continente digital. Por isso, há a necessidade de incentivar os jovens a se familiarizarem com as tecnologias de informação nas Universidades Católicas, nas casas de formação, e nos centros paroquiais de todo o Continente. De facto, a presença não deve ser apenas um estar online, mas sim uma presença cristã que leva os seus utentes a se relacionarem com verdade, empatia e responsabilidade porque enraizados no Evangelho.
Na mesma ótica, as igrejas do Continente Africano são chamadas a criar ambientes digitais impregnados pelo Evangelho e a intensificar a presença virtual através da criação de websites e plataformas digitais onde os cristãos podem participar na vida da Igreja de forma activa e em diálogo.
Narrar histórias de fé imbuídas de esperança
À margem do encontro, o Padre Benvindo Tapua, Diretor da Rádio e Televisão “Encontro” de Nampula (Moçambique), disse em entresita à Rádio Vaticano, que os intervenientes frisaram a necessidade de “desarmar” a comunicação, e de se tomar consciência da agressividade nos media, desde os talk shows televisivos até às guerras verbais nas redes sociais . De facto, constatou-se “o risco de prevalecer o paradigma da competição, da contraposição, da vontade de dominar e possuir, da manipulação da opinião pública” – fazendo eco claro da mensagem do Dia Mundial das Comunicações de 2025. O Papa Francisco exortava aos comunicadores: “Contai histórias imbuídas de esperança, tomando a peito o nosso destino comum e escrevendo juntos a história do nosso futuro”.
Televisões católicas: catalizadoras dum plano pastoral orgânico
Os meios de comunicação hoje requerem que os comunicadores possam viver a actualidade e as tendências contemporâneas criando sinergias entre os diversos meios católicos. As televisões católicas devem ser catalizadoras dentro dum Plano Pastoral orgânico da nação, isto é, tornar os objetivos pastorais visíveis e concretos. Nisso, testemunhamos a audácia de semear sempre a esperança e procurar praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da nossa humanidade na Igreja-Família-de-Deus em África.
