- Estudo da Universidade de Sharjah (Emirados Árabes Unidos) indica que enxaguante bucal com extrato de alho pode ser tão eficaz quanto a clorexidina no combate a bactérias bucais.
- O alho, devido à alicina, seu composto ativo, demonstra ação antibacteriana comparável à clorexidina, com potencial para reduzir microrganismos associados a cáries.
- Apesar dos resultados promissores, o uso de enxaguante de alho pode causar gosto intenso, ardência e mau hálito, e requer mais estudos com amostras maiores e acompanhamento prolongado.
Tradicionalmente, o alho é conhecido como um alimento com sabor e aroma marcante, usado para temperos culinários e, em alguns casos, para chá. No entanto, uma revisão recente de estudos aponta que enxaguantes bucais formulados com extrato de alho podem ser tão eficazes quanto a clorexidina, substância considerada o padrão ouro no combate às bactérias da boca.
A análise foi conduzida por pesquisadores da Universidade de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, e reuniu dados de cinco estudos clínicos realizados com humanos. O objetivo foi comparar a capacidade do alho e da clorexidina de reduzir microrganismos associados a problemas bucais, especialmente aqueles ligados ao surgimento de cáries.
Os resultados mostram que o enxaguante à base de extrato de alho apresentou desempenho comparável ao da clorexidina na redução de bactérias nocivas presentes na saliva. Em alguns cenários, a eficácia do alho variou de acordo com a concentração utilizada. Soluções com menor teor ficaram atrás da clorexidina tradicional, mas formulações mais concentradas superaram o produto convencional na diminuição dos microrganismos associados à cárie dentária.
Ação antibacteriana
A clorexidina é amplamente usada por dentistas em tratamentos de curto prazo, mas não está livre de problemas. O uso prolongado pode provocar manchas nos dentes, alterações no paladar e levantar preocupações sobre resistência antimicrobiana. Estudos anteriores indicam que a exposição frequente ao composto pode favorecer bactérias mais resistentes, inclusive a outros tipos de tratamento.
Nesse cenário, o alho surge como alternativa promissora. Seu principal composto ativo, a alicina, é liberado quando o dente de alho é cortado ou amassado. Essa substância tem ação antibacteriana reconhecida, inibe o crescimento de microrganismos e reduz processos de estresse celular. Civilizações antigas como as do Egito, da China e da Roma já exploravam essas propriedades muito antes da medicina moderna.
Os pesquisadores, no entanto, não ignoram os limites da proposta. Os estudos analisados também registraram efeitos colaterais do enxaguante de alho, como gosto intenso, ardência na boca e mau hálito persistente. Embora esses efeitos sejam considerados menos graves do que os associados à clorexidina, eles podem afetar a adesão das pessoas ao uso regular do produto.
Outro ponto de cautela está no tamanho das pesquisas avaliadas. Apenas cinco estudos compuseram a revisão, todos com amostras pequenas e períodos curtos de acompanhamento. Para que o enxaguante bucal com alho se torne uma alternativa clínica consolidada, serão necessários ensaios maiores, com mais participantes e observação por períodos prolongados.
Ainda assim, os resultados reforçam o interesse crescente por soluções naturais na saúde bucal. Em um contexto de preocupação com resistência antimicrobiana e efeitos adversos de produtos tradicionais, o alho deixa de ser apenas um tempero forte e passa a ocupar espaço nas discussões sobre o futuro da higiene oral.
Com informações: “Science Alert”.
