Após a Câmara dos Deputados decidir, na noite dessa quarta-feira (10/12), suspender por seis meses o mandato de Glauber Braga (PSol-RJ), o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) criticou aliados da direita que apoiaram a manobra que evitou a cassação do psolista.
Em publicação no X, o parlamentar disse que ver “gente de direita com pena de comunista” representa “o ápice da ignorância da guerra política”. Veja post:
A manifestação veio após a votação que mudou o desfecho esperado para o caso. O Conselho de Ética havia recomendado a cassação de Glauber e a inelegibilidade por oito anos, mas uma emenda do PSol substituindo a perda do mandato por suspensão recebeu apoio expressivo do plenário. A proposta foi aprovada por 318 a 141.
Sete deputados do PL – partido que oficialmente defendia a cassação – votaram a favor da emenda: Altineu Côrtes (RJ), Bibo Nunes (RS), Fernando Rodolfo (PE), Helio Lopes (RJ), Ícaro Valmir (SE), João Carlos Bacelar (BA) e Pastor Gil (MA). A divergência abriu disputa interna na sigla.
Em discurso na tribuna, o deputado Bibo Nunes justificou que apoiou a suspensão, porque acreditava que o plenário não alcançaria os 257 votos necessários para confirmar a cassação. Segundo o deputado, se a emenda fosse rejeitada e o relatório original retomado, não haveria votos suficientes para nenhuma das penalidades, o que acabaria sem qualquer punição a Glauber. Por isso, disse ter optado por “garantir ao menos a suspensão”.
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A escolha, porém, gerou reação imediata. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), destituiu Bibo Nunes da vice-liderança do partido após o posicionamento dele em plenário.
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Sóstenes Cavalcante
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Bibo Nunes
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Outro deputado que justificou o voto pela suspensão de Glauber foi Kim Kataguiri (União-SP). Seguindo a mesma linha da explicação de Bibo, ele afirmou que a escolha ocorreu porque não havia votos suficientes para a cassação.
“Não tínhamos votos suficientes pra cassação, se perdêssemos essa votação também o Glauber não teria punição alguma. Precisa que eu desenhe?”, escreveu o deputado no X.
Caso Glauber Braga
O processo que chegou ao plenário acusa o deputado de quebra de decoro. Em abril de 2024, ele expulsou a chutes o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro das dependências da Câmara. Glauber afirma ter reagido após o militante ofender sua mãe, Saudade Braga, ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ), já falecida.
Em abril deste ano, o deputado fez uma greve de fome de oito dias em uma comissão da Casa. Ele alegou perseguição política e disse ser alvo de uma articulação do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). O alagoano nega as acusações.
Tumulto no dia anterior
Após sete meses parado, Motta anunciou, na terça-feira (9/12), que votaria o pedido de cassação de Glauber nesta quarta. O parlamentar, por sua vez, reagiu ocupando a Mesa Diretora da Câmara e acabou sendo retirado à força pela Polícia Legislativa.
Enquanto o deputado estava na cadeira da Presidência, as transmissões oficiais foram interrompidas. Servidores e jornalistas tiveram o acesso ao plenário bloqueado, e profissionais de imprensa relataram agressões da Polícia Legislativa. A atuação de Motta foi alvo de críticas nas redes e por associações da categoria.
