O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou o reajuste do salário mínimo para R$ 1.621 a partir de janeiro de 2026. O novo valor representa um ganho real para os trabalhadores, seguindo a política atual de valorização que considera tanto o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) quanto o crescimento econômico, com teto de 2,5%.
Segundo análise do colunista do CNN Money, Gilvan Bueno, embora o aumento seja positivo para as famílias brasileiras, há preocupações significativas com o impacto nas contas públicas.
O especialista explica que o reajuste afeta diretamente benefícios sociais e aposentadorias vinculados ao salário mínimo, podendo gerar um impacto orçamentário superior a R$ 43 bilhões.
Impacto nas contas públicas e inflação
Bueno destaca que não se trata de ser contra o aumento da renda dos trabalhadores, mas de analisar os efeitos macroeconômicos da medida.
“Nós não somos contra o aumento do salário mínimo. A discussão importante para os próximos anos é a base de cálculo do reajuste”, afirmou o especialista, lembrando que o modelo atual pressiona as contas públicas.
O colunista também alerta para os possíveis efeitos inflacionários do aumento. Segundo ele, há três canais de pressão: a demanda (mais dinheiro em circulação), o custo (impacto nas empresas) e as expectativas.
Com maior poder aquisitivo, mesmo que modesto, há tendência de aumento no consumo e na capacidade de endividamento das famílias via crédito consignado.
Desafios fiscais e tributários
O especialista aponta que o aumento dos gastos públicos sem correspondente aumento de receita compromete a credibilidade fiscal do país.
“Se eu aumentar os meus gastos, eu tenho que aumentar a nossa receita”, explicou Bueno, sugerindo que a consequência pode ser um aumento da carga tributária para compensar o desequilíbrio.
Para ilustrar a situação, Bueno fez uma comparação didática: “Vamos imaginar que uma criança acabou de ganhar o seu presente de Natal e pede para o Papai Noel aumentar o salário de todos os familiares. O desafio é que todas as aposentadorias e benefícios sociais também serão reajustados”.
Estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) indicam que o salário mínimo ideal para atender às necessidades básicas de uma família deveria ser de aproximadamente R$ 7 mil, valor muito distante da realidade atual.
No entanto, Bueno ressalta que alcançar esse patamar exigiria uma completa reestruturação do sistema previdenciário e de benefícios sociais do país.
