O Natal cristão não é uma ideia bonita nem um símbolo poético: é um acontecimento real. Deus entrou na história humana, assumiu nossa carne, nossas fragilidades e nossas dores.
Padre Renato dos Santos – SDB
O Natal, celebrado todos os anos com luzes, músicas, cores e encontros familiares, corre o risco de se tornar uma festa bonita aos olhos, mas vazia de sentido no coração. O maior desafio da Festa Natalina, hoje, é superar a tentação de um Natal artificial, adornado de plumas e paetês, porém sem a presença real de Jesus, o verdadeiro protagonista desta celebração.
A sociedade contemporânea transformou o Natal, muitas vezes, em um espetáculo de consumo, onde o brilho das vitrines ofusca a simplicidade do presépio. Presentes, ceias abundantes e decorações sofisticadas ocupam o centro da cena, enquanto o Menino Deus, nascido na pobreza de Belém, é empurrado para as margens. Quando isso acontece, celebra-se o clima do Natal, mas não o seu mistério; festeja-se uma data, mas esquece-se da Encarnação.
O Natal cristão não é uma ideia bonita nem um símbolo poético: é um acontecimento real. Deus entrou na história humana, assumiu nossa carne, nossas fragilidades e nossas dores. Em Jesus, o Verbo se fez carne e armou sua tenda entre nós, para nos devolver aquilo que jamais deveríamos perder: a dignidade de filhos e filhas de Deus. Onde Jesus não é acolhido, o Natal perde sua razão de ser.
Superar um Natal artificial exige um movimento interior. Significa passar do barulho ao silêncio, da aparência à essência, do consumo ao encontro. É no silêncio de Belém que Deus fala; é na pobreza da manjedoura que Ele se revela; é na fragilidade de um recém-nascido que a humanidade é restaurada. O presépio, muitas vezes relegado a um canto decorativo, é, na verdade, a grande catequese do Natal: ali aprendemos quem é Deus e quem somos nós.
Um Natal verdadeiro nos provoca a rever nossas relações, a curar feridas, a estender a mão aos que sofrem e a reconhecer o rosto de Cristo nos pobres, nos esquecidos e nos que vivem à margem. Celebrar o Natal sem compromisso com a vida e com a dignidade humana é esvaziar a Encarnação de seu significado mais profundo.
Por isso, o maior desafio da Festa Natalina não é fazer uma celebração mais bonita, mas fazer uma celebração mais verdadeira. Não é acrescentar mais luzes, mas permitir que a Luz do mundo ilumine nossas escolhas. Não é multiplicar presentes, mas acolher o maior dom já oferecido à humanidade: Jesus Cristo, Deus-conosco.
Somente quando o Menino de Belém ocupa o centro de nossas casas, de nossas comunidades e de nossos corações, o Natal deixa de ser artificial e se torna aquilo que ele realmente é: a festa do amor que se fez carne para nos salvar.
