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O Natal que renova a esperança

by admin

Em artigo assinado, o Pe. Guido Valli questiona como temos vivido a preparação e o encontro com o menino Jesus, trazendo inspiração da sua própria infância: “na véspera, saíamos pelos arredores para buscar capim bem verdinho para o burrinho da Sagrada Família. À noite, o capim desaparecia; pela manhã, em seu lugar, estava o presente. Parecia mágico. E era. Essa experiência tão singela nos ensinava, sem grandes discursos, que o Natal é encontro e generosidade”.

Padre Guido Valli, SJ*

O Natal sempre foi – e continua sendo – muito mais do que palavras bonitas. É vida, acolhida, encontro, abraço, partilha e escuta. É esse movimento de coração que recordo com nitidez quando volto à minha infância. A cada dezembro, a chegada do Natal transformava profundamente nossa casa e nossa família. A montagem do presépio era mais que um gesto decorativo para minha família: era um exercício de comunhão. Partilhávamos ideias, trabalhávamos juntos, buscávamos materiais na natureza. Tudo para que aquele pequeno espaço ficasse bonito para receber Jesus.

A manhã de Natal era emocionante. O coração infantil acelerava diante da expectativa dos presentes deixados por Jesus junto ao presépio. Eram presentes simples, modestos, e talvez por isso mesmo tão significativos. Não sabíamos o que encontraríamos. Era uma surpresa verdadeira, alegria daquelas que contagia.

Na véspera, saíamos pelos arredores para buscar capim bem verdinho para o burrinho da Sagrada Família. À noite, o capim desaparecia; pela manhã, em seu lugar, estava o presente. Parecia mágico. E era. Essa experiência tão singela nos ensinava, sem grandes discursos, que o Natal é encontro e generosidade. Íamos aos vizinhos e aos amigos mostrar os presentes, celebrar juntos. O Natal transbordava da família para a comunidade de fé.

E hoje? Como temos vivido essa preparação e esse encontro com o menino Jesus? O que temos colocado em nossos lares e ambientes sociais: enfeites apenas ou também gestos concretos de amor? Buscamos cultivar a acolhida, a escuta, a partilha? Ou deixamos que a pressa, o consumo e o barulho abafem o verdadeiro espírito natalino?

Os tempos mudam, as crianças crescem, mas o Natal permanece como uma eterna oportunidade. Uma oportunidade de renovar nossa fraternidade e nossa fé. De trazer para a manjedoura dos nossos corações o presente mais valioso e transformador: o amor.

Que o menino Deus seja bem acolhido neste Natal. Que Ele abençoe nossas famílias — as de ontem, as de hoje e as de sempre. Que seu nascimento desperte em nós a alegria, a paz e a esperança que tanto precisamos.

* reitor da Igreja da Ressurreição do Colégio Anchieta de Porto Alegre/RS

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