A menos de um mês para o início da temporada de 2026 do tênis, não faltam caras novas e histórias de jovens jogadores para acompanhar ao longo do ano. É inegável que o nome de João Fonseca seja o mais atrativo para o público brasileiro, ainda mais com os grandes resultados e atuações que o carioca teve em seu primeiro ano na elite do circuito. Mas as novas gerações masculina e feminina do tênis mundial reservam ainda mais personagens.
Além de ser o caçula no top 100 do ranking mundial, Fonseca foi também o campeão mais jovem de 2025 no circuito, ao vencer o ATP 250 de Buenos Aires com 18 anos. O carioca completou 19 anos em agosto. E dois meses depois, garantiu seu segundo troféu no 500 da Basileia, terminando a temporada na 24ª posição. Indicado a um dos prêmios da ATP por sua evolução ao longo do ano, ele é também é apontado pela própria entidade como um postulante ao top 10 na próxima temporada.
Depois de terminar o ano no top 30, o atual número 1 do Brasil terá que cumprir um regulamento que prevê a participação em grandes torneios ao longo do próximo ano. Ele precisará disputar oito dos nove Masters 1000, com exceção de Monte Carlo que não é obrigatório, e também terá que jogar no mínimo cinco ATP 500, sendo que um deve ser realizado após o US Open.
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No início de sua pré-temporada, há duas semanas no Rio de Janeiro, o técnico Guilherme Teixeira falou sobre a importância de ter um bom período de treinos nas próximas semanas, pensando já nas exigências do calendário. “Talvez seja o único período do ano que a gente tem para trabalhar com calma. No ranking que ele está, teremos que seguir um calendário com pouquíssimas brechas para ter semanas de treinamento. Então ele fez um bom descanso e tem uma programação muito bem montada para as próximas semanas. É um momento chave, de reestruturar algumas coisas e fazer uma mudança aqui ou ali. É o momento que a gente tem tempo para trabalhar e pensar nas evoluções que a gente precisa”.
A ‘Geração Fonseca’ e quem mais pode chegar

Além de Fonseca, apenas o norte-americano Learner Tien e o tcheco Jakub Mensik conquistaram títulos de ATP com menos de 20 anos em 2025. O trio também está muito próximo no ranking da ATP que encerra a temporada. Campeão do Masters 1000 de Miami, Mensik é o 19º do mundo, com Fonseca na 24ª posição e Tien no 28º lugar. Um ano atrás, o tcheco era o 48º do ranking, o norte-americano ocupava o 122º lugar, enquanto o brasileiro estava apenas na 145ª colocação.
Mensik e Tien estarão entre as principais atrações do Next Gen ATP Finals, que acontece entre os dias 17 e 21 de dezembro na Arábia Saudita. A edição passada foi vencida por Fonseca, que não estará neste ano. O carioca inicia 2026 jogando em Brisbane, a partir de 5 de janeiro. Os outros seis participantes em Jeddah serão o belga Alexander Blockx, o espanhol Martin Landaluce, o croata Dino Prizmic, o norueguês Nicolai Kjaer, o espanhol Rafael Jodar e o norte-americano Nishesh Basavareddy.

Dois nomes chamam bastante atenção: Kjaer, de 19 anos, que já soma quatro títulos de challenger em 2025 e ocupa o 132º lugar do ranking. Campeão juvenil de Wimbledon em 2024, Kjaer cresceu admirando Casper Ruud e treinou lado a lado com o ex-número 2 do mundo, a quem descreve como um “irmão mais velho”, especialmente por conta dos conselhos fora da quadra que ajudaram em sua evolução.
Já Basavareddy, de 20 anos e 167º do ranking, contratou o francês Gilles Cervara, ex-treinador de Daniil Medvedev. Após duas temporadas defendendo a Universidade de Stanford, o norte-americano virou profissional no ano passado e chegou a ocupar o top 100 do ranking da ATP ao longo da temporada. Sua equipe também conta com Rajeev Ram, ex-número 1 do mundo nas duplas e campeão de 32 títulos de nível ATP.
Gauff e Andreeva lideram a nova geração feminina

A norte-americana Coco Gauff, de 21 anos, e a russa Mirra Andreeva, de apenas 18, são as duas mais jovens no top 10 do ranking da WTA e entram como fortes candidatas a ameaçar o domínio de Aryna Sabalenka e Iga Swiatek no circuito. Terceira do ranking mundial, Gauff já tem dois títulos de Grand Slam, o US Open de 2023 e Roland Garros na atual temporada, mas ainda tenta chegar ao topo do ranking pela primeira vez na carreira. E para isso, é preciso ter mais consistência ao longo do ano.
Um reforço importante na equipe de Gauff foi a chegada de Gavin MacMillan, especialista em biomecânica, pouco antes do US Open. O objetivo era solucionar as dificuldades que a norte-americana tinha com o saque. Embora tenha caído ainda nas oitavas no Grand Slam nova-iorquino, a jovem jogadora teve melhores resultados no fim do ano, com destaque para o título no WTA 1000 de Wuhan.
“O saque era uma grande lacuna no meu jogo e ainda pode melhorar”, explicou Gauff, quando conquistou o título na China. “Antes, eu sacava de forma errada tecnicamente e sentia que não tinha uma solução. Agora eu tenho e só preciso continuar confiando no processo. Sinto que estou sempre tentando evoluir e melhorar. E às vezes uma nova perspectiva ajuda”.
Já Andreeva teve um ótimo início de 2025 com os títulos dos WTA 1000 de Dubai e Indian Wells, com direito a vitórias contra Swiatek e Sabalenka nas fases finais na Califórnia. Depois de ter alcançado o quinto lugar do ranking em julho, a jovem russa caiu de rendimento na reta final da temporada e terminou o ano na 9ª posição.
Sem as restrições de calendário para as jogadoras menores de idade, mais habituada à elite do circuito e com um trabalho consolidado ao lado de Conchita Martinez há um ano e meio, ela pode enfim sonhar com um Grand Slam. Neste ano, alcançou às quartas em Roland Garros e Wimbledon.
Jovens jogadoras em ascensão

Além de Gauff e Andreeva, a nova geração feminina teve muitas jogadoras em ascensão. E a tcheca Linda Noskova é quem está mais consolidada nesse grupo. Número 13 do mundo aos 21 anos, ela já disputou finais importantes na temporada, como em Tóquio e Pequim, mas segue ciente de que a distância para o topo ainda é grande.
“Pode parecer que estar no top 20 me torna uma grande atleta, mas muitas vezes estive apenas no lugar certo na hora certa. Existe uma diferença enorme entre estar no top 5 e no top 20. Tenho muitas jogadoras à frente. Então vou levar com calma”, falou após a final de Pequim contra Amanda Anisimova.
A canadense Victoria Mboko, que conquistou o WTA 1000 de Montréal jogando em casa, começou o ano fora do top 300 e já aparece no 18º lugar aos 19 anos. Com a mesma idade, Maya Joint é a 32ª do mundo, com títulos no saibro de Rabat e na grama de Eastbourne. Já a norte-americana Iva Jovic, de apenas 18 anos, conquistou o WTA 500 de Guadalajara e ocupa o 35º lugar. O top 50 ainda conta com a filipina Alexandra Eala, semifinalista em Miami.
Dois outros nomes podem surpreender em 2026: A tcheca de 18 anos Tereza Valentova, campeã juvenil de Roland Garros em 2024, já é 68ª do mundo e conquistou quatro títulos de ITF na última temporada. Já a austríaca Lilli Tagger, de apenas 17 anos e 155ª do ranking, ganhou o juvenil em Paris neste ano e terminou a temporada chegando a uma final de WTA em Jiujiang. Ela tem a italiana Francesca Schiavone, campeã do Grand Slam francês em 2010, na equipe.
Juvenis brasileiros em destaque

Atenções voltadas também para o circuito juvenil e o período de transição de carreira de nomes da nova geração brasileira. O goiano Guto Miguel e a potiguar Victória Barros estão nas primeiras posições do ranking mundial da categoria e podem se beneficiar dos programas de aceleração da Federação Internacional para entrar em chaves de torneios profissionais. Ao mesmo tempo, serão cabeças de chave nos principais eventos da temporada do circuito juvenil, inclusive nos Grand Slam.
Já Nauhany Silva, de 15 anos e número 2 do Brasil no ranking juvenil, tem aproveitado alguns torneios profissionais no país para também melhorar seu ranking e já conquistou um título em São João da Boa Vista, além de chegar a uma final em Ribeirão Preto. Depois de ter disputado alguns qualis por conta da limitação de convites e também para se testar, Naná conseguirá entrar diretamente quando tiver a intenção de jogar competições de introdução ao profissionalismo. Com diferentes caminhos e processos, os três contam com boas equipes e estrutura de trabalho e podem nos dar muitas alegrias no futuro. Cada um no seu tempo.
2026 também será o último ano de juvenil para nomes como a gaúcha Pietra Rivoli e o brasiliense Pedro Chabalgoity, que completarão 18 anos. Para eles, o foco é estar em todos os torneios do Grand Slam, além de somar os primeiros pontos no ranking profissional. Ambos já afirmaram ter esse objetivo de transição. Um pouco mais novos, nomes como Livas Damazio, Leonardo Storck e Nathalia Tourinho também tentam subir no ranking juvenil e fortalecer esse grupo e jogar os Slam pela primeira vez.
Fim de temporada
Estarei em férias nas próximas semanas e não poderei acompanhar o Next Gen com o mesmo afinco de anos anteriores. Até por isso, este post que normalmente só é divulgado na virada do ano, está no ar mais cedo. Bom 2026 a todos.
