A temporada de 2026 reserva novas oportunidades e também grandes desafios para o jovem brasileiro João Fonseca, 24º do mundo aos 19 anos.
João tem talento, personalidade e carisma, virtudes que o colocam como um dos maiores expoentes do tênis na atualidade – também pelo fato da torcida brasileira ser uma das mais participativas do mundo, tanto nas redes sociais como nos próprios eventos onde Fonseca marca presença.
Após subir mais de 100 posições no ranking em 2025 e conquistar dois títulos ATP – Buenos Aires e Basileia – é natural que se espere mais do tenista carioca. Mas também temos que ponderar algumas questões ao imaginar saltos enormes para o próximo ano.
Ranking
Muito se fala que Fonseca tem tudo para terminar o ano no Top 10 mundial, alguns até falam em Top 5 e final de Grand Slam. É possível, sim; mas há fatores neste caminho que podem tornar este processo mais lento do que a maior parte da torcida espera – o que, claro, é natural e não ofusca a impressionante ascensão do atleta nos últimos meses.
Pela primeira vez em sua ainda breve carreira, Fonseca terá que lidar quase que semanalmente com a defesa de pontos, fator que o próprio tenista e seu treinador, Guilherme Teixeira, elencaram como um dos maiores desafios para o próximo ano. Como que ele irá lidar com a pressão de defender 250 pontos numa semana (como em Buenos Aires), ou 500 pontos de uma só vez (como na Basileia)?
O caminho para o tão falado Top 10 parece curto, mas não é bem assim. Além de defender seus 1635 pontos atuais, Fonseca ainda tem uma escalada de – aproximadamente – mais 1400 pontos até o seleto grupo dos dez melhores da atualidade. É inegável que, seguindo a sua escalada no circuito, mais cedo ou mais tarde, o brasileiro irá alcançar esta marca e irá brigar pelos Grand Slams, mas é necessário ter calma e, caso isso não ocorra no próximo ano, não haverá qualquer anormalidade.
O que podemos esperar de Fonseca para 2026 é, com certeza, a briga por novos títulos, além de uma provável entrada no Top 20, e sim, uma briga pelo Top 10 mundial, com as dificuldades acima mencionadas. Fonseca irá chegar como cabeça de chave nos Grand Slams e em praticamente todos os Masters 1000, meta alcançada por ele em 2025.
Evolução tática
Fonseca já vem mostrando uma evolução considerável na maneira de jogar. Diminuindo os erros, aumentando a margem e criando uma maneira sustentável de jogar, sem deixar de ser agressivo. Na reta final de temporada, o brasileiro mostrou em algumas partidas que está aprendendo a “sofrer”, ou seja, está aprendendo que nem sempre será necessário a pancada mais forte para ganhar o ponto, o game, o jogo.
É notável o trabalho de sua equipe, comandada por Teixeira, que busca semana a semana uma nova evolução. Com tempo para fazer uma pré-temporada completa, algo que não ocorreu no último ano, pode-se esperar uma evolução tática ainda mais forte do carioca para os primeiros torneios de 2026.
Caminho natural
O atleta já está colhendo os frutos de seu talento e o trabalho conjunto com sua equipe. Afinal, imagine aos 19 anos estar entre os 30 melhores do mundo na sua profissão, com excelentes ganhos financeiros, grandes patrocinadores e uma enorme expectativa em seu entorno.
Um fator importante e muitas vezes esquecido, é que os outros tenistas estão conhecendo melhor o brasileiro. Já sabem como ele joga, suas preferências, pontos fortes e fracos. Já podem chegar para as partidas com plano A e plano B para derrotar o jovem de 19 anos – que, claro, também estuda os adversários.
Impressiona a maturidade de Fonseca, que sabe lidar com o hype à sua volta e sabe moderar as expectativas, mesmo com os números precoces que tem, e ao mesmo tempo sem deixar de sonhar em estar no topo do topo, brigando com os maiores da atualidade – Carlos Alcaraz e Jannik Sinner, algo que ele mesmo diz querer alcançar. É um caminho longo, mas não precisa ter pressa; ele já está “adiantado” para sua idade.
