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O segredo da longevidade, segundo um ator centenário

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O ator estadunidense Dick Van Dyke, que completa cem anos neste dia 13 de dezembro e estrelou filmes como Mary Poppins e O Calhambeque Mágico, revelou em uma entrevista recente o que julgava ser o segredo de sua longevidade. 

“Sempre achei que a raiva e o ódio são coisas que corroem uma pessoa por dentro”, disse o ator à revista People em uma entrevista recente. “E eu nunca consegui realmente desenvolver um sentimento de ódio. Havia coisas de que eu não gostava, pessoas de quem eu não gostava e de quem eu discordava. Mas eu nunca consegui sentir um ódio intenso e profundo.”

Van Dyke acrescentou ainda que seu pai, Loren Van Dyke, estava “constantemente perturbado com a situação da sua vida e isso acabou lhe custando a vida aos 73 anos”. Para ele, sua longevidade se deve justamente à sua visão positiva da vida e ao fato de nunca se irritar.

Fundamento científico

Há fundamentos científicos que justificam a “receita” do ator. No início da década de 1930, pesquisadores pediram a um grupo de 678 noviças, a maioria com cerca de 22 anos de idade, que escrevessem uma autobiografia ao ingressarem em um convento, conta a professora associada do Centro de Ciências da Saúde Positiva da RCSI University of Medicine and Health Sciences, Jolanta Burke.

Seis décadas depois, pesquisadores analisaram seus trabalhos e compararam suas análises com os resultados de saúde a longo prazo das mulheres. As mulheres que expressaram emoções mais positivas no início da vida, como dizer que se sentiam gratas, em vez de ressentida, viveram, em média, dez anos a mais do que aquelas que tendiam a ser mais negativas.

Um outro estudo, realizado no Reino Unido, também descobriu que as pessoas mais otimistas viviam entre 11% e 15% mais tempo do que as pessoas pessimistas.

E, lembra ainda a professora, em artigo publicado no The Conversation, em 2022, um estudo que analisou cerca de 160 mil mulheres de diversas origens étnicas descobriu que aquelas que se declararam mais otimistas tinham maior probabilidade de viver até os 90 anos em comparação com as pessimistas.

O que explica?

“Uma possível explicação para esses resultados está relacionada aos efeitos que a raiva tem sobre o nosso coração”, aponta Burke. “Pessoas que tendem a ter uma visão mais positiva ou otimista da vida parecem ser melhores em lidar com a raiva ou controlá-la. Isso é importante, pois a raiva pode ter diversos efeitos significativos no corpo.”

De acordo com a pesquisadora, a raiva desencadeia a liberação de adrenalina e cortisol, os principais hormônios do estresse no corpo – especialmente nos homens . Mesmo breves explosões de raiva podem levar a um declínio na saúde cardiovascular .

“O esforço adicional que o estresse crônico e a raiva impõem ao sistema cardiovascular tem sido associado a um risco aumentado de desenvolver doenças como doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes tipo 2. Essas doenças são responsáveis por cerca de 75% das mortes prematuras”, explica. “Embora o estresse e a raiva não sejam as únicas causas dessas doenças, eles contribuem significativamente para o seu desenvolvimento.”

Cuidados com a raiva

Ela lembra ainda que, ao contrário da crença popular, tentar “descarregar” a raiva socando um saco de pancadas, gritando em um travesseiro ou correndo até a sensação passar não ajuda na verdade . Essas ações mantêm o corpo em um estado de alerta elevado, o que afeta o sistema cardiovascular e pode prolongar a resposta ao estresse.

“Uma abordagem mais calma funciona melhor. Diminuir o ritmo da respiração, contá-la ou usar outras técnicas de relaxamento (como ioga) pode ajudar a acalmar o sistema cardiovascular em vez de sobrecarregá-lo. Com o tempo, isso reduz o esforço sobre o coração, o que pode ajudar você a viver mais. É importante que você tente fazer isso sempre que se sentir particularmente estressado ou irritado”, diz.

Diante das evidências, o conselho de Dick Van Dyke pode estar correto. “Embora não possamos controlar tudo o que afeta nossa saúde, aprender a gerenciar a raiva e cultivar uma perspectiva mais positiva da vida pode contribuir para o bem-estar e a longevidade”, conclui Burke.

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