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A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu manter vigente na última segunda-feira (8) uma autorização judicial que proibe livros de bibliotecas públicas no Texas, consolidando um cenário de avanço da censura a obras que tratam de gênero, raça, sexualidade e história racial do país. A decisão ocorre em meio a um crescimento recorde de banimentos de livros em escolas e bibliotecas públicas americanas.
Ao rejeitar o recurso apresentado por moradores do condado de Llano, a Corte manteve o entendimento do Tribunal de Apelações do 5º Circuito, que considerou legal a retirada de 17 títulos classificados como “inadequados” por autoridades locais. O argumento de que a medida violaria a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão, foi descartado pela Justiça.
A disputa teve início em 2021, quando grupos conservadores pressionaram o sistema de bibliotecas do condado para excluir livros que abordavam identidade LGBTQIA+, racismo, escravidão, puberdade e funções corporais. Desde então, o caso se tornou um símbolo do embate cultural que atravessa o sistema educacional dos EUA.
Dados da PEN America mostram que, desde 2021, quase 23 mil proibições de livros foram registradas em escolas públicas americanas, com foco recorrente em obras que tratam de diversidade racial, sexualidade, identidade de gênero e violência.
Livros mais frequentemente alvo de proibição
A seguir, alguns dos títulos mais censurados recentemente nos Estados Unidos, segundo levantamentos da PEN America:
- Laranja Mecânica, de Anthony Burgess
Clássico distópico sobre violência juvenil, livre-arbítrio e controle estatal, frequentemente alvo de censura por conteúdo explícito. - Acossado, de Jennifer Niven
Romance juvenil que aborda trauma, luto e amadurecimento emocional, com referências a violência e relações abusivas. - Vendido, de Patricia McCormick
História de uma adolescente do Nepal vítima de tráfico sexual, usada em debates sobre exploração infantil e direitos humanos. - Last Night at the Telegraph Club, de Malinda Lo
Narrativa sobre identidade lésbica e repressão política durante o macartismo nos EUA dos anos 1950. - Uma Corte de Névoa e Fúria, de Sarah J. Maas
Fantasia com romance adulto, frequentemente questionada por cenas sexuais e temas considerados impróprios para jovens. - Crank, de Ellen Hopkins
Relato em versos sobre dependência química na adolescência, com linguagem direta sobre drogas e sexualidade. - Para Sempre…, de Judy Blume
Romance juvenil de 1975 sobre iniciação sexual, um dos livros mais censurados da história recente dos EUA. - As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky
Livro sobre saúde mental, abuso sexual e relações afetivas no ensino médio. - Wicked: A Vida e a Época da Bruxa Má do Oeste, de Gregory Maguire
Releitura crítica de O Mágico de Oz, com temas políticos, religiosos e de sexualidade. - All Boys Aren’t Blue, de George M. Johnson
Ensaios autobiográficos sobre ser negro e LGBTQIA+ nos Estados Unidos contemporâneos. - Uma Corte de Espinhos e Rosas, de Sarah J. Maas
Fantasia romântica que mistura política, magia e sexualidade, alvo frequente de restrições etárias. - Damsel, de Elana K. Arnold
Conto de fadas subversivo que questiona violência de gênero e narrativas tradicionais. - The DUFF, de Kody Keplinger
Romance juvenil sobre bullying, autoestima e sexualidade na adolescência. - Dezenove Minutos, de Jodi Picoult
Livro que analisa causas e consequências de um massacre escolar, frequentemente retirado por tratar de violência armada. - Tempestade e Fúria, de Jennifer L. Armentrout
Fantasia juvenil com romance, conflitos sobrenaturais e temas considerados sensíveis para bibliotecas escolares.
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