O governo francês pediu nesta sexta-feira (19) uma trégua de Natal para os agricultores que protestam contra a má gestão governamental relacionada ao surto da doença nodular cutânea, que atinge o gado, e à conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a cientista política Florence Poznanski relembra que as negociações deste acordo são antigas, datando de 1999, em uma época em que as políticas ambientais e o cenário industrial eram bem diferentes dos atuais.
“Esse acordo, que vem sendo chamado de ‘carne contra carro’, ou seja, carne da América Latina e carro da Europa, está demonstrando ser pouco popular para o lado europeu. Nunca houve tantas mobilizações contra e divisões dentro dos blocos políticos, como está acontecendo agora”, expõe.
Nesta sexta-feira, houve centenas de protestos, organizados por quase 4 mil agricultores. Um dos atos que ganhou grande repercussão foi o despejo de esterco e outros resíduos em frente à casa de praia do presidente Emmanuel Macron.
“Está sendo um contexto político complexo na França. Vemos uma convergência grave dentro do setor, que já tinha se mobilizado meses atrás contra o acordo”, destaca Poznanski. “Os agricultores franceses estão enfrentando uma atualidade sanitária delicada, devido ao surto da doença nodular cutânea que está afetando o gado. Como medida preventiva, o governo está pedindo o abate sanitário sistemático, para tentar evitar a perda de competitividade no mercado internacional”, explica.
A Comissão Europeia confirmou na quinta-feira (18) que o tratado, negociado há 25 anos, não seria assinado neste sábado (20), como estava previsto. Uma fonte da Comissão e dois diplomatas indicaram em Bruxelas que a nova data prevista é 12 de janeiro, no Paraguai. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou confiança no dia anterior de que o acordo poderia ser finalizado em janeiro.
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