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Paróquia de Padre Júlio é alvo de auditoria ordenada por dom Odilo Scherer

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A Arquidiocese de São Paulo determinou a realização de uma auditoria financeira na Paróquia São Miguel Arcanjo, localizada no bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista. A igreja é liderada há cerca de 40 anos pelo padre Júlio Lancellotti, conhecido nacionalmente por sua atuação junto à população em situação de rua.

A decisão partiu do cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer. Segundo integrantes da Igreja, o procedimento teria sido motivado por informações recebidas pelo arcebispo sobre o funcionamento da paróquia. Padre Júlio, no entanto, afirmou que a auditoria faz parte de um processo rotineiro adotado pela Arquidiocese. “Auditoria financeira tem sempre”, disse o religioso, destacando que o procedimento ocorre mensalmente em diversas paróquias da cidade.

Além da auditoria, dom Odilo Scherer determinou que o padre Júlio deixe de transmitir missas ao vivo, suspenda suas atividades nas redes sociais e, eventualmente, pode ser retirado da paróquia onde atua há quatro décadas. As celebrações eram transmitidas pela Rede TVT (TV dos Trabalhadores), mantida por sindicatos, além do portal ICL e do YouTube.

As informações sao da coluna de Mônica Bergamo, na Folha.

Proteção

De acordo com informações apuradas, a medida teria sido adotada como forma de proteção ao religioso. O próprio padre Júlio afirmou que recebeu a orientação como um pedido de afastamento temporário. “Dom Odilo me pediu para dar um tempo. Ele acha que é uma forma de recolhimento e de proteção”, declarou. Questionado se concordava com a decisão, respondeu que tem “apenas que obedecer”.

Reconhecido por seu trabalho social, Lancellotti é alvo frequente de críticas e ataques de parlamentares e políticos ligados à direita, especialmente integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL). Apesar das pressões recorrentes ao longo dos anos para que o padre fosse afastado de suas atividades, dom Odilo Scherer sempre resistiu. Desta vez, porém, optou por restringir a presença do religioso na mídia.

A decisão teve ampla repercussão e gerou manifestações públicas de apoio ao padre Júlio. Após a divulgação das medidas, mais de 40 organizações que atuam com a população em situação de rua enviaram, nesta terça-feira (16), uma carta ao cardeal pedindo a revisão da decisão que limita a atuação do padre nas redes sociais.

No documento, as entidades afirmam que a restrição à manifestação pública de Lancellotti prejudica redes de solidariedade e enfraquece o debate sobre a pobreza extrema em São Paulo. A Arquidiocese ainda pode decidir pela retirada do padre da paróquia da Mooca ainda neste ano.

A mobilização em defesa do religioso é liderada pelo Instituto GAS, organização não governamental que atua há dez anos no atendimento direto à população vulnerável em ruas e favelas da capital paulista. A entidade é parceira histórica do padre Júlio e também fundadora dos movimentos Na Rua Somos Um e Solidariedade Não É Crime.

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