O encontro do Comitê Estadual do PCdoB, realizado na segunda-feira (24), terminou com uma nota oficial que movimentou o tabuleiro político do Maranhão. Apesar das críticas ao governo e do clima de cobrança após os áudios de Márcio Jerry sobre Colinas e Barreirinhas, o texto deixa uma mensagem inequívoca: o partido ainda quer manter a porta aberta para o Palácio dos Leões.
Foi, como dizem nos bastidores, uma nota “cheia de gestos”.
Crise interna, cobranças e um recado direto a Brandão
Desde que vieram à tona os áudios atribuídos ao deputado Márcio Jerry — nos quais ele fala sobre “gestos” e menciona o episódio do “resolve Colinas que a gente resolve o TCE” — o PCdoB passou a enfrentar pressão externa e fissuras internas.
A reunião desta semana trouxe novamente à mesa a narrativa de que o partido foi um dos pilares que construiu a vitória de Flávio Dino em 2014, fez acordos e, segundo os comunistas, não teve as contrapartidas cumpridas pelo governo Brandão.
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O texto da nota traz críticas, mas também um trecho que chamou a atenção:
“Basta diálogo do governador Carlos Brandão.”
Uma frase curta — porém extremamente estratégica — que expõe tanto a mágoa quanto a disponibilidade para uma recomposição, caso o governo se mova.
Divisões internas: nota causa desconforto entre comunistas
Embora assinada pela direção, a nota não foi unanimidade dentro do PCdoB. Setores internos consideraram o trecho sobre diálogo como “gesto demais” em um momento de desgaste com o Palácio.
A cúpula, porém, defende que a frase reafirma onde, segundo eles, nasceu a ruptura: no governo, e não entre os dinistas ou no núcleo político do ex-governador Flávio Dino.
Mesmo assim, relatos dão conta de que a maioria dos militantes não comprou totalmente essa narrativa.
Jerry deve buscar o Palácio: uma última tentativa de recomposição para 2026
A próxima etapa já está desenhada: Márcio Jerry deve se reunir nos próximos dias com integrantes do Palácio dos Leões. Será, segundo interlocutores, uma última rodada de diálogo antes que o partido feche posição definitiva para 2026.
Dentro do PCdoB, há quem interprete esse movimento como uma questão de sobrevivência política:
“Sem o governo, a reeleição de Jerry fica muito difícil”, afirma uma fonte interna.
Nos bastidores, vários cenários são discutidos:
- Jerry tentará negociar sozinho?
- Levará consigo Diego Galdino, figura-chave na crise?
- E o vice-governador Felipe Camarão, entraria nessa reconstrução?
A resposta ainda está em aberto — e dependerá dos sinais enviados pelo governador Brandão.
O que esperar dos próximos passos
Se por um lado o PCdoB endurece o discurso sobre “acordos não cumpridos”, por outro não fecha a porta para o Palácio dos Leões. A nota oficial deixa isso explícito.
A crise expôs feridas antigas, alimentou divisões internas e mostrou que 2026 já começou para os partidos. Para o PCdoB, o diálogo é tanto uma estratégia quanto uma necessidade.
E para o Palácio, a dúvida é:
vale recompor? E a que custo?
Os próximos dias serão decisivos.
