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PMs goianos “de elite” afastados por corrupção são identificados; veja | G5News

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PMs goianos "de elite" afastados por corrupção são identificados; veja | G5News

MÁRIO ANDREAZZA

REDAÇÃO G5

Policiais militares que deveriam combater o crime agora são alvo de uma investigação que revelou um suposto esquema milionário de contrabando, lavagem de dinheiro e corrupção dentro da Polícia Militar de Goiás. Cinco integrantes da Companhia de Policiamento Especializado (CPE), unidade de elite que atua na região sudoeste do estado, foram afastados por suspeita de desvio e revenda de cargas ilegais.

Os militares identificados são os sargentos Adjair Oliveira SilvaAdjânio Alves de OliveiraJefferson Isidério de SousaJosé Marcos de Sousa Albergone — este último localizado em Londrina (PR) —, e o cabo Angério Dias Arantes. Todos estavam lotados na CPE de Jataí, que também possui atuação em Mineiros, próximo à divisa de Goiás com Mato Grosso, área que, segundo as investigações, seria estrategicamente utilizada para o trânsito de produtos contrabandeados.

Denúncias internas deram origem à apuração

De acordo com o comandante-geral da PM de Goiás, coronel Marcelo Granja, a própria corporação iniciou as apurações após receber denúncias de comportamento suspeito de alguns policiais.

“Chamou a atenção, principalmente em algumas festas realizadas na região, as festas realizadas por alguns policiais militares (…). Eram eventos fora do padrão de pessoas que trabalham dia e noite. Várias festas agropecuárias com camarotes personalizados e financiamento ostensivo”, afirmou.

Essas festas, muitas delas de grande porte em municípios do interior, serviram de alerta inicial à corporação, uma vez que o padrão de vida dos PMs envolvidos destoava dos rendimentos oficiais dos cargos.

Milhões movimentados por semana

Durante a investigação, segundo a PM, foi constatado que os sargentos e o cabo movimentavam valores em contas bancárias incompatíveis com suas rendas. A corporação mencionou que as movimentações ultrapassavam milhões de reais por semana, embora o montante exato não tenha sido divulgado.

Os produtos desviados incluíam eletrônicos, cigarros e agrotóxicos — itens de alto valor no mercado clandestino.

“Envolve tudo, eletrônicos, cigarro, todo tipo de agrotóxico (…). Há contrabando, descaminho, extorsão e corrupção. São vários crimes que ainda serão detalhados pela Polícia Federal e pela Polícia Militar”, complementou o comandante Granja.

Viaturas usadas fora de rota ajudaram a revelar o esquema

Um dos fatores decisivos para o avanço das investigações foi o sistema de rastreamento das viaturas da CPE. Segundo o coronel Granja, “através de denúncias na rodovia federal, conseguimos identificar quais viaturas e quais policiais estavam em determinadas abordagens. Verificou-se que cargas apreendidas, que deveriam ser encaminhadas à Polícia Federal ou à Civil, não tinham ocorrência registrada nem eram entregues à Justiça.”

Com base nesses dados, a corporação informou ter encontrado indícios de desvio e revenda direta de produtos contrabandeados, em cooperação com comerciantes da região.

Ação conjunta com a Polícia Federal

Diante da gravidade e do alcance das suspeitas — que envolvem também civis e empresários —, a PM acionou a Polícia Federal para condução de uma investigação conjunta. Na manhã da terça-feira (4), 17 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em imóveis e escritórios em Mineiros (GO) e Londrina (PR), onde um dos sargentos estava.

Nenhuma prisão foi efetuada até o momento. Os policiais já haviam sido afastados das ruas há cerca de seis meses, passando a exercer funções administrativas enquanto o inquérito avançava.

Justiça e Corregedoria acompanham o caso

A Justiça determinou que os suspeitos permaneçam afastados, com suspensão do porte de arma e risco de expulsão definitiva da corporação. Segundo o comandante, serão instaurados inquéritos militares, sindicâncias e procedimentos administrativos disciplinares (PADs) para avaliar a permanência dos acusados nos quadros da PM.

“A primeira atitude foi abrir investigações internas, acionando a Polícia Federal e instaurando sindicâncias e inquéritos militares. Com base nas provas materiais, poderemos decidir se eles permanecem ou não na corporação”, disse Granja.

Corregedoria da Polícia Militar afirmou, em nota, que acompanhou presencialmente todas as ações realizadas nesta semana e garantiu que “adotará as medidas administrativas cabíveis, em conformidade com a lei e os princípios de ética e disciplina da instituição”.

Lavagem de dinheiro e empresas de fachada

A apuração também identificou empresas de fachada utilizadas pelos investigados para lavar os valores obtidos com as atividades criminosas. Essas firmas — registradas em nomes de familiares e terceiros — movimentavam recursos que, segundo a investigação, não correspondiam a qualquer atividade comercial lícita.

Mesmo com o envolvimento de altas somas, não há, até o momento, provas da participação de outros agentes públicos além dos cinco policiais afastados. A Polícia Federal deve ampliar a apuração para identificar redes de apoio logístico e financeiro que sustentavam o esquema.

Próximos passos da investigação

A Polícia Federal confirmou que o caso segue sob investigação e pode resultar em novas ordens judiciais, tanto de prisão quanto de bloqueio de contas e quebra de sigilos bancários e fiscais. A expectativa é de que a primeira fase do inquérito seja concluída até o fim do ano.

Enquanto isso, os cinco militares continuam afastados de suas funções operacionais. A Polícia Militar de Goiás reafirmou o compromisso de “não tolerar desvios éticos nem criminais em seus quadros” e garantiu transparência nas próximas etapas da apuração.

*Com informações TV Anhanguera

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