- * Estudos ligaram mortes infantis na Índia ao consumo excessivo de lichia em jejum por crianças desnutridas.
- * Substâncias na lichia, como hipoglicina A, causaram hipoglicemia grave nessas crianças.
- * Especialistas afirmam que o risco não se aplica ao consumo normal da fruta por pessoas bem alimentadas.
A lichia, fruta de origem asiática conhecida pela polpa doce e suculenta, voltou ao debate público após ter sido associada a mortes infantis na Índia em estudos científicos divulgados a partir de 2017. O episódio gerou dúvidas sobre a segurança do consumo, mas especialistas e pesquisas posteriores indicam que o risco não se aplica ao consumo comum da fruta.
Rica em vitamina C, antioxidantes e minerais, a lichia é cultivada em diversos países, inclusive no Brasil, e faz parte da alimentação regular de milhões de pessoas. O alerta científico surgiu a partir da investigação de surtos neurológicos registrados no estado indiano de Bihar, uma das regiões mais pobres do país.
O que aconteceu nos casos da Índia
As pesquisas identificaram que as crianças afetadas consumiam grandes quantidades de lichia em jejum, muitas vezes colhidas ainda verdes, em um contexto de desnutrição severa. Nessas condições, substâncias naturais presentes na fruta, como hipoglicina A e MCPG, interferem no metabolismo da glicose no fígado.
O resultado foi uma queda abrupta do açúcar no sangue, provocando quadros graves de hipoglicemia, convulsões e, em alguns casos, morte. O risco aumentava significativamente quando as crianças deixavam de fazer refeições antes de consumir a fruta.
Os próprios pesquisadores destacaram que não se trata de toxicidade comum, mas de uma combinação específica de fatores extremos: jejum prolongado, ingestão excessiva, frutas imaturas e vulnerabilidade nutricional.
Por que o risco não se aplica ao consumo habitual
Em pessoas saudáveis, bem alimentadas e que consomem a fruta após refeições, a lichia é considerada segura. As toxinas associadas aos casos indianos concentram-se principalmente em sementes e frutos verdes, partes que não fazem parte do consumo comum.
Em dietas equilibradas, a fruta segue oferecendo benefícios nutricionais, como ação antioxidante e aporte elevado de vitamina C. A recomendação geral é moderação, evitando consumo em jejum prolongado, especialmente por crianças pequenas ou pessoas com histórico de hipoglicemia.
Fora cenários extremos, a ciência não identifica risco relevante associado à ingestão da polpa madura da lichia. O consenso atual é que a fruta pode integrar uma alimentação saudável sem restrições para a maioria da população.
