Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el
O ser humano possui diversas características curiosas que ainda intrigam a ciência. Entre elas, está a habilidade que algumas pessoas afirmam ter: perceber o “cheiro” de uma tempestade antes mesmo de a primeira gota cair. Embora pareça quase intuitivo ou até místico, parte desse fenômeno já pode ser explicada — e o responsável tem nome.
O aroma característico sentido por muitas pessoas antes ou no início da chuva é chamado de petrichor. O termo descreve o cheiro terroso e fresco que surge quando a água atinge solo seco após um período sem chuvas. Esse cheiro é provocado principalmente pela geosmina, um composto orgânico produzido por microrganismos no solo, especialmente bactérias do gênero Streptomyces. Quando a chuva atinge o chão, microbolhas se formam e estouram, liberando essa substância no ar.
Outro elemento é o ozônio, gerado por descargas elétricas em tempestades. Ele possui um cheiro metálico característico que pode ser transportado pelo vento para regiões próximas, sinalizando que uma tempestade está chegando.
Mas, se o fenômeno é químico e ambiental, por que algumas pessoas conseguem sentir o cheiro com clareza e outras não?
A explicação está na sensibilidade olfativa, que varia individualmente. Fatores genéticos influenciam diretamente a capacidade de detectar moléculas específicas, como a geosmina. Algumas pessoas possuem receptores olfativos mais eficientes para esse composto, enquanto outras simplesmente não conseguem identificá-lo com facilidade.
Além disso, há variações ligadas à idade, saúde das vias respiratórias e até hábitos pessoais. Pessoas que fumam, têm alergias, sinusite crônica ou já sofreram perda parcial do olfato tendem a perceber menos o petrichor. Estudos também indicam que a sensibilidade à geosmina diminui ao longo da vida, o que explica por que muitas crianças percebem esse cheiro com mais intensidade do que adultos mais velhos.
O ambiente também interfere: moradores de áreas urbanas, cercados por asfalto e concreto, sentem menos o aroma do solo molhado do que quem vive em regiões com vegetação, terra exposta e áreas naturais.
Embora ainda existam aspectos pouco compreendidos, a ciência já consegue explicar grande parte dessa percepção. Unindo química, biologia e meteorologia, o fenômeno mostra como o ser humano capta pistas sutis da natureza — embora nem todos tenham exatamente a mesma sensibilidade.
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