Causou surpresa a falta de uma “companheira” no lançamento da pré-candidatura de Washington Oliveira a deputado federal, ocorrida esta semana. Um dos maiores apoios do petista paraibano vinha de Criciele Muniz, companheira que ocupa o cargo de Diretora Geral do IEMA, indicada por ele e que vem nos últimos anos fazendo parceria com Washington, atualmente Secretário de representação institucional no Distrito Federal (SERIDF), ou seja, os dois estão dentro do governo Brandão, mas não necessariamente juntos e misturados.
As conversas de bastidores apontam que a comandante do IEMA, Criciele Muniz, já fechou com o Secretário de Estado do Planejamento e Orçamento do Maranhão Vinícius Ferro que pretende disputar uma vaga na câmara baixa. Ferro é casado com a irmã de Daniel Brandão, atual presidente do Tribunal de contas do Estado, sobrinhos do governador Carlos Brandão.
O alvo é Felipe Camarão
Assim como o PT não vem unido nestes tempos de desintegração midiática, de imagens, históricos e destinos. Se por um lado, tentam destruir a imagem “com pé e cabeça” do vice-governador Felipe Camarão, por outro lado tentam construir uma imagem “com pé e cabeça” do sobrinho do governador. Essa é a real medida.
Logo depois da etérea conversa entre o governador Brandão e o presidente Lula as atitudes no Maranhão se exacerbaram. É visível e notório. A soldadesca partiu pra cima do vice-governador como aqueles ataques iniciais do exército à Canudos de Antônio Conselheiro e que resultaram em derrotas insanas. Um exército armado, gigantesco, levando um baile de companheiros lutadores fiéis às suas crenças e sentimentos. Resta saber se o exército de Brandão poderá ser repetidamente recomposto, uma vez que não é uma Nação, mas apenas um projeto familiar ultrapassado de estratégia de poder.
Enquanto isso “os peixes pequenos” (que muitas vezes viram iscas) vão se devorando numa carnificina autofágica que pode levar um dos partidos mais importantes do país, o partido do Presidente da República ao patamar do fisiologismo, da mediocridade e ao extermínio, como vem ocorrendo desde que o partido foi entregue ao grupo Sarney na primeira década do século XXI. E que foi retomado pelo, então político, Flávio Dino, depois de vencer a eleição de 2014, sem a ajuda do PT.
Mas o PT, desde o surgimento dos sarnopetistas, capitaneados pelo próprio Washington que se elegeu vice-governador junto com Roseana, nunca mais deixou de sangrar com esse estigma de se rachar internamente e se misturar com tipos da direita e, completamente fora dos projetos petistas. O fato é que muitos petistas criaram projetos pessoais que também fogem das proposições partidárias. Um mal que vem assolando o partido e o relegando a um espaço cada vez mais insignificante na política estadual. Parece que até Lula já lavou as mãos: cumpram os acordos; resolvam-se!
Partidos e mais partidos
Os comunicadores do soldo atiram todo tipo de munição. A última é a de que o vice-governador cogita deixar o PT para se abrigar no PSB. Essa é a mais estapafúrdia ideia dessa pré-campanha tão antecipada e tão figadal. Perguntado, Camarão foi cirúrgico: “Jamais”.
O que vem se construindo, na real, com antecedentes e consequentes é uma guinada dentro do MDB, que hoje abriga uma boa parcela dos brandonistas, e se prepara para, talvez, receber os que desertarão do PSB (e talvez do PT). Acontece que a direção nacional do MDB está em vias de ser mudada e, provavelmente voltará ao comando dos Calheiros ou dos Barbalhos, políticos ligados a Lula e ao PT. Sendo assim, o mais provável é que esse grupo que ora ocupa o governo, fique um tanto sem eira nem beira, indo provavelmente parar em partidos ligados à extrema direita, o que, aliás, é o mais condizente com o tipo de política que eles pregam e praticam.
O dito pelo não dito
Aquela conversa entre Lula e Brandão vem refletindo através de prisma bem coloridos. Um deles nada mais é do que a estratégia do “tudo ou nada” encarada pelo Palácio dos Leões (e sua força, nem tão grande assim, se não for na imposição) de partir pra cima de Camarão numa tentativa de destruí-lo.
Dos outros prismas, sobra a humildade e a fé de quem acredita num projeto coletivo, em nível nacional, e luta por ele. E sabe o que se passou naquela sala, onde, talvez não houvesse apenas duas pessoas. Um grupo que reúne 80% da base do PT no estado e que não compactua com projetos pessoais-familiares. Um grupo que conta com forças de apoio, contra as quais Lula jamais iria contra, por que estão intrinsicamente ligadas ao projeto coletivo, no Brasil e no Maranhão.
Há dois pesos entre as duas bandejas da balança, quando elas se definirem, por idealismo, ou por comando, as coisas estarão mais claras. Por enquanto todos tentam se equilibrar entre o medo, a insegurança, a necessidade, ou como escreveu uma fundadora histórica do partido: “Tudo junto: Chantagem, abandono, fisiologismo, mau caratismo… Infelizmente o PT está desfigurado. O apego a cargos reflete isso”.
