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Uma pesquisa publicada no Scientific America mostra que a pizza que sobra na geladeira pode oferecer vantagens inesperadas em relação à refeição recém-preparada. O fenômeno tem relação direta com a forma como o organismo lida com carboidratos e gorduras após períodos de resfriamento.
Quando alimentos ricos em amido são aquecidos e depois resfriados, parte desse amido se transforma em uma substância conhecida como amido resistente. Esse processo altera a forma como o corpo absorve a energia presente na massa. Em vez de ser rapidamente convertida em açúcar no sangue, uma parcela passa intacta pelo sistema digestivo e funciona de maneira semelhante à fibra. O resultado é um impacto menor nos níveis glicêmicos e uma digestão mais lenta, que prolonga a sensação de saciedade.
A pizza, prato tradicionalmente criticado por suas calorias, ganha um comportamento diferente após uma noite na geladeira. A combinação de massa resfriada com ingredientes gordurosos tende a retardar a absorção dos carboidratos, reduzindo picos de glicose que estão associados a fome precoce e maior risco metabólico. Para alguns nutricionistas, esse efeito é comparável ao de refeições elaboradas com foco em baixo índice glicêmico.
O processo também pode trazer outras vantagens. A presença de amido resistente alimenta bactérias benéficas do intestino e contribui para a saúde da microbiota, importante na regulação do sistema imunológico e na prevenção de inflamações. Pesquisadores afirmam que o reaproveitamento de alimentos resfriados pode ser uma estratégia simples para melhorar a qualidade da dieta sem grandes mudanças de hábito.
Não se trata de transformar a pizza em alimento milagroso. O teor de gordura e sódio continua alto e o consumo frequente segue sendo desaconselhado. No entanto, a descoberta abre espaço para revisões interessantes sobre como processos culinários cotidianos afetam o valor nutricional dos pratos. A ciência lembra que a forma como a comida é preparada, armazenada e reaquecida importa tanto quanto os ingredientes.
A velha piada de que a pizza do dia seguinte tem um sabor especial agora ganha respaldo científico. Além do gosto, pode haver um impacto menor no metabolismo.
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