- André Esteves, CEO do BTG Pactual, é apontado como fonte de acusações contra Alexandre de Moraes, do STF, sobre favorecimento ao Banco Master.
- As acusações, publicadas em O Globo, alegam interferência de Moraes junto ao Banco Central, o que foi negado por ambas as instituições.
- Esteves, figura influente no mercado financeiro, tem histórico de proximidade com Paulo Guedes e enfrentou prisão temporária na Operação Lava Jato.
O banqueiro André Esteves, sócio sênior do BTG Pactual, é apontado como a principal fonte por trás das matérias publicadas pela jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, que acusam o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de interferir em favor do Banco Master junto ao Banco Central. A informação foi reportada por Renato Rovai, editor-chefe da Fórum, revelando que Esteves estaria envolvido no “denuncismo” contra o integrante do STF ao fornecer informações que “embasaram” as alegações de que o ministro procurou o presidente do BC, Gabriel Galípolo, para discutir um negócio envolvendo a instituição de Daniel Vorcado. Por outro lado, tanto Moraes quando o Banco Central divulgaram notas oficiais negando tais imputações.
Mas quem é o banqueiro André Esteves
André Esteves, carioca de 57 anos e atual CEO do BTG Pactual, é uma das figuras mais proeminentes do mercado financeiro brasileiro, com uma trajetória marcada por ascensão rápida e controvérsias. Ele começou sua carreira no banco Pactual, instituição fundada pelo economista Paulo Guedes, que mais tarde se tornaria ministro da Economia no governo Jair Bolsonaro (PL). Esteves se destacou no Pactual, onde trabalhou diretamente com Guedes, e eventualmente assumiu o controle do banco após sua evolução para BTG Pactual. Sob sua gestão, o BTG expandiu operações, vendendo ativos e cortando empregos em momentos de crise, e diversificou investimentos para além do setor bancário tradicional.
Em novembro de 2015, Esteves foi preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, no âmbito da Operação Lava Jato, sob suspeita de tentar obstruir as investigações. A prisão ocorreu junto com a do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), e baseava-se em acusações de que Esteves teria oferecido dinheiro para calar testemunhas, como o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Ele permaneceu detido por 28 dias, inicialmente em prisão preventiva, e foi transferido para um presídio por ordem do STF. A investigação contra Esteves foi arquivada pelo STF em dezembro de 2018, por falta de provas. Após o episódio, ele foi afastado temporariamente do comando do BTG Pactual, mas retornou à instituição e reconstruiu sua influência no setor financeiro.
A proximidade de Esteves com Paulo Guedes é notória e remonta aos anos iniciais no Pactual. Guedes se refere a Esteves como o “Esteves sem metafísica”, destacando sua abordagem pragmática nos negócios. Em 2019, o banqueiro compareceu à posse de Guedes como ministro da Economia, marcando sua reaparição pública após a prisão.
Esteves tem defendido publicamente Guedes em ocasiões como debates econômicos, e relatos indicam que ele mantém contato frequente com o ex-ministro, inclusive por telefone. Em um episódio de 2021, Guedes cometeu um ato falho ao citar Esteves como possível substituto em cargos no Tesouro Nacional, atribuindo a menção a movimentações políticas que envolviam o banqueiro como opção para o Ministério da Economia. Além disso, áudios vazados revelaram a influência de Esteves em círculos políticos, incluindo relações com figuras como o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ex-presidente do Banco Central na gestão Bolsonaro, Roberto Campos Neto.
