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Quem São os Novos Magnatas por trás do IPO Bilionário da Medline?

by admin

JEFF SCIORTINO PARA FORBES

A família fundadora da Medline (da esquerda para a direita): Jim Abrams, Charlie Mills e Andy Mills

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A gigante de suprimentos médicos Medline abriu seu capital em um dos maiores IPOs de 2025 e viu suas ações dispararem 41%, encerrando o primeiro dia de negociação com uma capitalização de mercado superior a US$ 55 bilhões. A abertura de capital, juntamente com alguns registros de propriedade recentemente descobertos da holding privada da família fundadora da Medline, catapultaram pelo menos cinco membros do clã Mills, do estado de Illinois, para a lista de bilionários da Forbes pela primeira vez.

Os cinco novos bilionários são todos filhos dos cofundadores da Medline, os irmãos Jim e Jon Mills. Charlie Mills, 64 anos, filho de Jim, que atuou como CEO da Medline por 26 anos até 2023, tem fortuna estimada em US$ 10,9 bilhões (R$ 60,28 bilhões).

Já Andy Mills, também de 64 anos, filho de Jon, que ocupou o cargo de presidente no mesmo período, possui patrimônio estimado em US$ 5,4 bilhões (R$ 29,86 bilhões).

Wendy Abrams, 61 anos, filha de Jon, que não exerce função na empresa, tem fortuna estimada em US$ 4,5 bilhões (R$ 24,89 bilhões). Seu marido, Jim Abrams, 63 anos, atuou como diretor de operações entre 1997 e 2023. Charlie e Andy Mills continuam como diretores da Medline, e Charlie segue como presidente do conselho da companhia agora listada em bolsa, atualmente comandada por um CEO externo, Jim Boyle.

Os outros dois bilionários são Nancy Mills Barnett, 62 anos, irmã de Andy, e Margaret “Peggy” Baker, 60 anos, irmã de Charlie, com fortunas estimadas em US$ 4,2 bilhões (R$ 23,23 bilhões) e US$ 3,8 bilhões (R$ 21,01 bilhões), respectivamente.

O marido de Nancy, Joel Barnett, comanda uma gestora boutique de investimentos imobiliários chamada Barnett Capital e já atuou como consultor imobiliário da Medline. Não está claro se Baker ou algum membro próximo de sua família já trabalhou na empresa.

O cofundador da Medline, Jim Mills, morreu em 2019, e seu irmão Jon Mills aparenta desfrutar de uma aposentadoria discreta. Um porta-voz da família Mills, cujo patrimônio conjunto é estimado em US$ 31 bilhões (R$ 171,43 bilhões), recusou-se a comentar para esta reportagem.

A operação

Fundada em 1966, a Medline permaneceu 100% sob controle da família por quase 55 anos. Em 2021, a nova geração dos Mills vendeu 79% da empresa para um grupo de fundos de private equity liderado por Blackstone e Carlyle, em uma operação de compra que avaliou a Medline em mais de US$ 30 bilhões (R$ 165,9 bilhões).

A Forbes estima que a família Mills tenha embolsado US$ 18 bilhões (R$ 99,54 bilhões), líquidos de impostos, nessa transação, mantendo uma participação de 21% antes do IPO da quarta-feira (17). Eles não venderam ações na oferta, mas sua participação combinada foi diluída para 17%.

Desde que os fundos de private equity assumiram o controle, a receita da Medline cresceu quase 50%, passando de US$ 17,5 bilhões (R$ 96,78 bilhões) em 2020 para US$ 25,5 bilhões (R$ 141,02 bilhões) em 2024. A empresa reportou lucro líquido de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,64 bilhões) em 2024 e está no caminho para superar esse resultado em 2025.

Nos primeiros nove meses do ano, a Medline registrou lucro líquido de US$ 1 bilhão (R$ 5,53 bilhões) sobre vendas de US$ 20,6 bilhões (R$ 113,92 bilhões). Embora a maior parte da riqueza da família Mills tenha sido criada com a compra alavancada de 2021, a divisão interna dessa fortuna era desconhecida até então.

Isso mudou com o registro do prospecto do IPO da Medline, que revelou que a participação remanescente da família na empresa é detida por meio de uma entidade chamada Mozart Holdco.

A Forbes localizou o registro mais recente dessa entidade no banco de dados corporativo do Alasca, revelando que 91% da Mozart Holdco é controlada por trusts em nome dos cinco membros da família que a Forbes estima serem bilionários. Segundo a análise da revista, os trusts em nome de Charlie, Andy, Nancy, Wendy e Peggy detêm, respectivamente, 37%, 18%, 14%, 12% e 11% da Mozart Holdco.

Em família

A família Mills não deu sinais de que pretende reduzir sua participação. Pelo contrário: de acordo com o prospecto do IPO, o clã demonstrou interesse em adquirir até US$ 250 milhões (R$ 1,38 bilhão) adicionais em ações ao preço de oferta de US$ 29 por papel (R$ 160,37) como parte da abertura de capital. No primeiro dia de negociação, os papéis da companhia fecharam cotados a US$ 41 (R$ 226,73).

A história da Medline remonta a 1910, quando A.L. Mills — bisavô de Charlie e Andy Mills — deixou uma pequena cidade do Arkansas rumo a Chicago, onde começou a vender aventais artesanais para açougueiros do distrito de processamento de carnes da cidade.

Após uma freira de um hospital local perguntar se ele poderia confeccionar roupas hospitalares, A.L. Mills expandiu o negócio para aventais cirúrgicos. “Naquela época, um avental de açougueiro e um avental cirúrgico eram feitos exatamente do mesmo material, exceto pelo fato de um ter mangas e o outro não”, contou Andy Mills à Forbes em 2020. “Ele decidiu que era muito mais agradável lidar com freiras e hospitais do que com homens abatendo animais.”

Em 1912, A.L. Mills fundou a Mills Hospital Supplies e, 12 anos depois, passou o negócio para seu filho Irving Mills. Sob a liderança de Irving, a família foi pioneira no uso de tecidos azuis e verdes para reduzir o reflexo das luzes em salas de cirurgia e também foi a primeira a introduzir cobertores listrados em rosa e azul para recém-nascidos.

Irving Mills expandiu a atuação para equipamentos médicos, instrumentos cirúrgicos e luvas, e acabou vendendo a Mills Hospital Supplies para a empresa de equipamentos laboratoriais Cenco Instruments, de Chicago, em 1961.

Cinco anos depois, seus filhos Jon e Jim Mills retornaram ao setor de suprimentos médicos e fundaram a Medline com um investimento de US$ 500 mil (R$ 2,77 milhões; US$ 5 milhões em valores atuais, R$ 27,65 milhões) feito pelo pai.

Ao final do primeiro ano, os irmãos já faturavam US$ 1 milhão (R$ 5,53 milhões; US$ 10 milhões em valores atuais, R$ 55,3 milhões) com a venda de aventais, lençóis e toalhas. Eles chegaram a abrir o capital da Medline em 1972, mas recompraram as ações e fecharam a empresa novamente cinco anos depois.

Quando Charlie e Andy Mills, ao lado de Jim Abrams, assumiram a liderança da Medline em 1997, as vendas já ultrapassavam US$ 500 milhões (R$ 2,77 bilhões; US$ 1 bilhão em valores atuais, R$ 5,53 bilhões).

Crescendo na pandemia e filantropia discreta

A Medline ganhou projeção nacional durante a pandemia de Covid-19, quando os produtos da empresa — que vão desde itens especializados, como máscaras médicas e sacos para resíduos biológicos, até artigos mais comuns, como álcool em gel e lenços desinfetantes — tiveram forte aumento de demanda por parte de médicos e hospitais que combatiam o novo vírus.

A companhia ampliou a produção dos itens mais necessários, e as vendas cresceram 26%, de US$ 13,9 bilhões (R$ 76,87 bilhões) em 2019 para US$ 17,5 bilhões (R$ 96,78 bilhões) em 2020.

Apesar de figurar entre as famílias mais ricas dos Estados Unidos, os Mills são reservados, embora ocasionalmente ganhe destaque por suas ações filantrópicas.

Andy Mills destinou US$ 200 milhões (R$ 1,11 bilhão) à criação de uma nova organização sem fins lucrativos chamada Vivo Foundation, por volta da época da venda de 2021. Wendy e Jim Abrams, por sua vez, doaram US$ 550 milhões (R$ 3,04 bilhões) à própria 1111 Foundation naquele mesmo ano.

“Por muito tempo, achei positivo que a Medline passasse despercebida”, disse Jim Abrams à Forbes em 2020. “Existe um nível de modéstia na empresa; não andamos por aí exibindo arrogância.”



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