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Rebeca Andrade fala de ano sabático para cuidar de si: 'Entendi que a única pessoa que eu controlo sou eu mesma'

by admin

Em meio ao brilho das medalhas, às expectativas do país e ao turbilhão do esporte de alto rendimento, Rebeca Andrade descobriu o que não se aprende no solo nem nas barras assimétricas: a importância de silenciar. Após anos mergulhada em treinos intensos, compromissos públicos e pressões por todo lado, a ginasta decidiu tirar uma pausa estratégica para reencontrar a própria voz.
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“Tirei o meu ano sabático. Foi um ano muito importante e gostoso de viver. Eu tirei esse tempo para cuidar de mim, da minha cabeça e do meu corpo. Para estar com meus amigos, minha família e meus cachorros, que eu amo de paixão”, conta em um papo de coração aberto com a Quem.
Aos 26 anos de idade, a bicampeã olímpica e maior medalhista da história do Brasil nos Jogos Olímpicos, com 6 medalhas (2 ouros, 3 pratas e 1 bronze), entendeu que nada sustenta a performance física sem que a mente esteja em equilíbrio. Criada em um ambiente hiperestimulado, em que cada gesto é observado, cada movimento é avaliado e cada erro se torna público, ela encontrou suas próprias rotas de fuga. E uma delas veio cedo, através da psicoterapia.
“Faço acompanhamento psicológico desde os 13 anos de idade. A Aline [Wolff, psicóloga de Rebeca desde sempre] me ajudou a entender todas as fases da minha vida — infância, adolescência e agora a fase adulta. Acho que minhas conquistas vieram quando estava mais preparada para que acontecessem”, avalia.
Rebeca reconhece que esse processo se traduz diretamente na forma como ela equilibra expectativas externas e internas. Ela conta que houve um momento em que o perfeccionismo ditava o seu ritmo e seus pensamentos. Hoje, não mais. “Eu entendi que a única pessoa que eu controlo sou eu mesma”, afirma. “A expectativa dos outros não está no meu controle. Quando essa chavinha virou, tudo começou a melhorar. Minha equipe teve o melhor de mim, minha família teve o melhor de mim”, diz.
Rebeca Andrade
Luiz Henrique/Connectview Empresa
Rede afetiva sólida
Para uma atleta cuja imagem se confunde com a de um país inteiro, lidar com a superexposição também exigiu maturidade emocional. Hoje, contudo, o reconhecimento nas ruas, nas redes e na mídia não pesa como antes. “Eu me sinto muito preparada e madura para lidar com reconhecimento. Se eu não tivesse tido acompanhamento psicológico tão nova, eu teria lidado de outro jeito — talvez até com trauma”, analisa.
Esse equilíbrio, contudo, é sustentado por uma rede afetiva sólida. O treinador, Francisco Porath Neto, o Chico, por exemplo, ocupa um lugar que vai além da técnica. “O Chico é mais que um treinador. Ele é pai, é irmão, é família”, derrete-se. A convivência com as outras ginastas também se tornou essencial. “As meninas são como irmãs. A gente divide tudo: ansiedades, expectativas, objetivos… Até no lazer estamos juntas”, conta.
Rebeca Andrade
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Além de Chico e das parceiras de ginástica, Rebeca conta com um refúgio leve e incondicional: seus cachorros. “Eles são parte da minha vida e da minha rotina. Estar com eles me faz muito bem, eu amo de paixão”, entrega ela, que é embaixadora da Volvo Car no Brasil, que busca comunicar a importância da priorização do tempo, silêncio, equilíbrio e consciência, fazendo conexão com o momento de vida da medalhista olímpica.
Para além dos pódios
Rebeca acredita que falar sobre a importância da saúde mental, destacando que a terapia a ajudou a lidar com a pressão do esporte e a se conhecer melhor, pode fortalecer a discussão sobre o assunto no esporte, especialmente entre jovens atletas. “Acho que posso ser uma voz forte sobre esse tema. Ter meu diploma de Psicologia vai ser como uma medalha de ouro olímpica”, afirma a ginasta, que trancou o curso, mas pretende voltar ano que vem.
Entre pausas, silêncios, autocuidado e maturidade emocional, Rebeca diz que aprendeu que a mente precisa tanto de descanso quanto de treino. E, ao olhar para o futuro — incluindo os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028 —, faz isso com serenidade, firmeza e propósito. “Perguntando hoje, é isso que eu quero. Eu amo estar no ginásio, amo minha vida de atleta. E cuidar da minha mente sempre vai ser parte disso”, afirma.
Rebeca Andrade
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