Um ambiente internacional complexo moldou as relações greco-turcas em 2025, limitando e moldando as escolhas dos dois países.
A instabilidade internacional, os conflitos regionais e as necessidades de segurança do Ocidente influenciaram diretamente as ações da Grécia e da Turquia, criando uma situação em que a tensão coexistia com a necessidade de contenção. Nos últimos meses do ano, Atenas começou a investir em parcerias multilaterais.
“Estamos a caminhar para uma lógica de parcerias”, diz à euronews Dimitris Triantafyllou, professor de Política Internacional da Universidade de Panteion. O professor explicou que parece haver uma tendência e uma pressão a vários níveis para a cooperação multilateral, mas parece haver”uma incerteza por parte da Turquia sobre se está disposta a ir nessa direção, porque isso estraga a sua narrativa de que tem o papel principal nos desenvolvimentos da região. É por isso que estamos numa fase de transição”, explica.
Os investimentos de empresas americanas na Grécia e a cooperação com os EUA no domínio do gás natural liquefeito (GNL) reforçaram a posição estratégica da Grécia no Mediterrâneo Oriental.
Estes desenvolvimentos aumentaram as capacidades energéticas e geopolíticas gregas, enquanto a Turquia respondeu com uma forte retórica sobre os direitos marítimos, acrescentando um novo fator de concorrência às relações greco-turcas.
A guerra na Ucrânia e o confronto entre a Rússia e o Ocidente continuaram a desempenhar um papel decisivo, com a NATO a colocar especial ênfase na coesão da sua ala sudeste. Este facto serviu de alavanca para evitar uma crise grave entre Atenas e Ancara.
Ao mesmo tempo, o Mediterrâneo Oriental continuou a ser uma área de competição fundamental. Na primavera de 2025, a Grécia tornou público o seu ordenamento do espaço marítimo, o que provocou uma forte reação da Turquia e tensões diplomáticas e trouxe de novo à ribalta as divergências sobre as zonas marítimas e o papel das ilhas.
Alguns meses mais tarde, durante o verão, foram emitidas NAVTEX de ambos os lados para buscas no Mar Egeu, o que voltou a aumentar o nível de tensão.
Por último, o papel da União Europeia foi de particular importância, uma vez que, no contexto das discussões sobre as relações euro-turcas, a Grécia reiterou que o progresso da Turquia em direção à UE está ligado ao respeito pelo direito internacional e às relações de boa vizinhança.
Este quadro europeu serviu como mais um fator de pressão para a manutenção do diálogo.
De acordo com fontes syperiores do Ministério dos Negócios Estrangeiros grego, Atenas e Ancara estão a procurar datas adequadas para o Conselho de Alta Cooperação, que é esperado há muitos meses, mas que o colocam definitivamente no primeiro trimestre de 2026.
Estas fontes sublinham que é importante realizar o Conselho de Alta Cooperação mesmo que não haja resultados positivos.
Ao mesmo tempo, no futuro imediato, haverá um diálogo político e conversações sobre uma agenda positiva entre a Grécia e a Turquia.
Atenas é a favor de um diálogo estruturado, considerando que já se evitaram crises desta forma. As mesmas fontes expressam a convicção de que, neste momento, há espaço para a discussão sobre a delimitação da ZEE e da plataforma continental, apesar da diferença substancial no âmbito da discussão.
De qualquer modo, Atenas está satisfeita com o diálogo em curso que conduziu a resultados tangíveis, como a redução dos fluxos migratórios e a minimização das violações do espaço aéreo.
Por último, os altos diplomatas negam que as relações greco-turcas tenham sido colocadas em suspenso, uma vez que o canal de comunicação está aberto, apesar de subsistirem problemas.
“É necessário haver um debate sério sobre a forma como cada uma das partes, ao mais alto nível, vê o rumo que o mundo e a região estão a tomar”, sublinhou Triantafyllou, salientando que as duas partes devem procurar pontos de cooperação através do debate.
Em 2025, as relações greco-turcas caracterizaram-se por um equilíbrio frágil entre tensão e diálogo.
O contexto internacional e os desenvolvimentos regionais desempenharam um papel decisivo na manutenção deste equilíbrio, sublinhando que o diálogo continua a ser o principal instrumento para gerir as diferenças de longa data.
