O principal assessor de política externa do presidente russo Vladimir Putin afirmou neste domingo (21) que as mudanças feitas pelos europeus e pela Ucrânia às propostas dos Estados Unidos para o fim da guerra na Ucrânia não melhoraram as perspectivas de paz.
As propostas elaboradas pelos EUA para o fim da guerra que já dura quase quatro anos, vazadas para a mídia no mês passado, suscitaram preocupações na Europa e na Ucrânia de que elas estivessem inclinadas demais a favor da Rússia e de que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, pudesse pressionar Kiev a ceder demais.
Desde então, negociadores europeus e ucranianos se reuniram com enviados de Trump numa tentativa de adicionar suas próprias propostas às versões preliminares dos EUA, embora o conteúdo exato da proposta atual não tenha sido divulgado.
Yuri Ushakov, assessor de política externa do Kremlin, disse a jornalistas em Moscou que as mudanças na Europa e na Ucrânia não melhorariam as chances de paz.
“Isto não é uma previsão”, disse Ushakov, segundo agências de notícias russas, embora tenha afirmado que ainda não tinha visto as propostas exatas por escrito.
“Tenho certeza de que as propostas que os europeus e ucranianos fizeram ou estão tentando fazer definitivamente não melhoram o documento e não aumentam a possibilidade de alcançar uma paz duradoura”, disse.
Reunião na Flórida
Ushakov fez as declarações após o enviado especial de Putin, Kirill Dmitriev, se reunir na Flórida no sábado (20) com o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e o genro de Trump, Jared Kushner. Dmitriev afirmou que as conversas continuariam no domingo.
O encontro em Miami ocorreu após conversas entre os Estados Unidos e autoridades ucranianas e europeias na sexta-feira.
Em jogo está a questão de se Putin concordará com o fim da guerra mais sangrenta na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, o futuro da Ucrânia, até que ponto as potências europeias serão marginalizadas e se um acordo de paz intermediado pelos Estados Unidos irá perdurar.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou no sábado que a Ucrânia apoiaria uma proposta dos EUA para negociações trilaterais com os Estados Unidos e a Rússia, caso isso facilitasse mais trocas de prisioneiros e abrisse caminho para encontros entre os líderes nacionais.
Ushakov afirmou que uma proposta para negociações trilaterais não foi seriamente discutida por ninguém e que não está sendo trabalhada.
A Rússia afirma que os líderes europeus estão empenhados em sabotar as negociações de paz, introduzindo condições que sabem ser inaceitáveis para a Rússia, que anexou entre 12 e 17 quilômetros quadrados de território ucraniano por dia em 2025.
Líderes ucranianos e europeus afirmam que não se pode permitir que a Rússia alcance seus objetivos após o que consideram uma apropriação territorial de estilo imperial .
A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, após oito anos de combates no leste do país, desencadeando o maior confronto entre Moscou e o Ocidente desde o auge da Guerra Fria.
Putin descreve a guerra como um momento decisivo nas relações com o Ocidente, que, segundo ele, humilhou a Rússia após a queda da União Soviética em 1991, ao expandir a Otan e invadir o que ele considera a esfera de influência de Moscou.
