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Sanfona de oito baixos: o pequeno fole que moldou o forró e resiste no Agreste

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Luiz Gonzaga, o imortal Rei do Baião, moldou a identidade musical do Brasil ao levar o forró do Nordeste para todo o país. Não por acaso, o dia 13 de dezembro, data de seu nascimento, é também o Dia Nacional do Forró. Mas antes da consagração, Gonzagão deu seus primeiros passos com um instrumento crucial para o ritmo: a sanfona de oito baixos.

Com ela, o artista abriu o caminho para o que se tornaria o forró que o Brasil conhece. Pequena e mais leve que a sanfona convencional, a “oito baixos” possui um mecanismo bisonoro e diatônico, onde o mesmo botão gera notas diferentes ao abrir e fechar o fole. Essa característica única moldou o autêntico forró pé de serra e atravessou diversos gêneros musicais.

“Ele é só pequeno no tamanho. Mas é gigante no que representa para a música nordestina,” explica Ivson Santos, músico e professor ao Bem Viver, programa do Brasil de Fato.

O tempo, no entanto, quase desafinou essa história. O fole de oito baixos esteve à beira do desaparecimento em rodas, palcos e escolas de música. Até que, em Caruaru (PE), um endereço se tornou a trincheira dessa resistência: a Casa dos Oito Baixos.

Fundada por Ivson Santos, a casa é um espaço cultural dedicado exclusivamente a ensinar, preservar e contar a história do instrumento. “Muita gente fala que a música nordestina está perdendo espaço e não está, ela está muito forte”, observa o professor. “Aqui eu vejo várias crianças despontando, e não tem dúvida que vão virar grandes músicos da música nordestina e brasileira.”

Dentro da casa, o passado e o futuro se encontram. A proposta vai além das notas. “Além de tornar músicos esses jovens, a música nordestina nos ajuda a sermos cidadãos”, explica Ivson. “É de fato transformar a vida dessas crianças e adolescentes através do forró.”

E a transformação é tocada pelas mãos pequenas de uma nova geração. Arthur, de apenas oito anos, já pode ser considerado um músico experiente. “Comecei a tocar com 4 anos de idade, agora toco com tudo que tem aqui”, conta, com a naturalidade de quem cresceu entre acordes.

Gustavo, 11 anos, carrega a consciência da missão. “Me sinto feliz, né? Porque a Sanfona de Oito Baixos era um instrumento que estava sendo extinto. Não tinha mais tocadores pela região. Aí eu me sinto feliz por aprender e dar continuidade a isso.”

Para Alan, de 13 anos, o trabalho é um resgate da memória. “Muita gente esquece que a sanfona de oito baixo existe, só lembra da sanfona de 120. Então, só de pensar que a gente está passando esse papel de lembrar de novo dela é uma coisa muito importante e muito legal.”

Assim, nota a nota, fole após fole, a sanfona mais antiga do Nordeste vai mantendo seu ritmo. O mesmo que, nas mãos de um jovem Luiz Gonzaga, começou a espalhar o baião pelo Brasil. O reinado do forró continua, e sua primeira coroa – a pequena e poderosa sanfona de oito baixos – brilha novamente, sustentada pelo talento e dedicação de quem aprendeu a valorizar suas raízes antes que o último acorde soasse.

E tem mais…

Nesta edição, o Bem Viver também a estreia de Glória Pires como diretora no cinema. Em um ano em que a arte brasileira conquistou o mundo, a atriz lança “Sexa”, uma história sobre medos, recomeços e um amor que desafia regras.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, a série especial sobre a África segue mostrando como a agroecologia se entrelaça com a vida e a ancestralidade. Há 27 anos, uma família que deixou o arquipélago de Guadalupe, no Caribe, em busca de suas raízes, encontrou no Benim o solo fértil para recomeçar.

No município de Allada, criaram a Ecolojah — uma escola que se tornou referência em educação pan-africanista e agroecológica. Entre árvores, hortas e saberes ancestrais o projeto forma crianças com consciência ambiental e comunitária, plantando não apenas alimentos, mas também resistência.

E para fechar com sabor, a chef Gema Sotto ensina a preparar uma banana flambada — sobremesa rápida, acessível e irresistível.

Quando e onde assistir?

No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar aqui.

Na TVT: sábado às 13h; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.

Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital.

Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET.

Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET.

Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital.

Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET.

Sintonize

No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil de Fato. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo. Além de ser transmitido pela Rádio Agência Brasil de Fato.

O programa conta também com uma versão especial em podcast, o Conversa Bem Viver , transmitido pelas plataformas Spotify, Google Podcasts, iTunes, Pocket Casts e Deezer.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o programa Bem Viver de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para ser incluído na nossa lista de distribuição, entre em contato por meio do formulário.

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