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Sem acordo com trabalhadores, Petrobras perde R$ 200 milhões por dia, segundo estimativa de economista do Dieese

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Entrando na segunda semana, a greve dos petroleiros já soma perdas expressivas para a Petrobras: em torno de R$ 200 milhões por dia, segundo estimativa do economista Cloviomar Cararine, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

De acordo com o economista, as paralisações têm impacto direto nas receitas e “evidenciam fragilidades na estratégia de contingência adotada pela gestão”, que, diante das reivindicações apresentadas pelos trabalhadores, se recusou a negociar.

Cararine destaca o descompasso entre o custo diário da greve e o valor das reivindicações. A proposta apresentada pela Petrobras prevê um reajuste de apenas 0,5%, com impacto estimado em cerca de R$ 85 milhões ao ano. “Em um único dia de greve, a empresa perde mais do que o dobro desse valor”, ressalta.

O custo anual do reajuste equivale a apenas um terço do que a Petrobras deixa de faturar diariamente com a paralisação, segundo o economista. “É um prejuízo que poderia ser completamente evitado com a abertura de uma mesa de negociação séria e efetiva”, afirma.

Em resposta ao Brasil de Fato, a Petrobras contesta os números referentes às perdas. “Até o momento, a greve não trouxe impacto à produção, e o abastecimento ao mercado segue garantido, sem alterações. As equipes de contingência foram mobilizadas onde necessário”, informa a empresa, em nota enviada pela assessoria de imprensa. O posicionamento da companhia vai na contramão do que dizem os trabalhadores.

A companhia diz ainda que respeita o direito de manifestação dos empregados e se mantém aberta ao diálogo com as entidades sindicais. No domingo (21), após divulgação da estimativa sobre as perdas, a companhia apresentou uma nova contraproposta à Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os sindicatos ligados à entidade, com avanços significativos, segundo avaliação da FUP.

O cálculo da perda

Embora os dados oficiais da Agência Nacional do Petróleo (ANP) ainda não tenham sido divulgados, levantamentos preliminares do Dieese e do Sindipetro-NF, com base em informações das próprias unidades, indicam grandes perdas.

A análise elaborada por Cararine aponta que, nos seis primeiros dias de paralisação, a produção registrou queda acumulada estimada em 300 mil barris de petróleo e gás. Somente na área de Exploração e Produção (E&P), a redução é de cerca de US$18 milhões por dia, o equivalente a cerca de R$ 100 milhões diários.

No segmento de refino, as perdas alcançam aproximadamente R$ 90 milhões por dia. Em conjunto, os impactos em E&P e refino representam um prejuízo parcial da ordem de R$ 200 milhões diários, sem considerar os efeitos sobre áreas como Transpetro, TBG e PBio.

Sobre a greve

A greve, iniciada em 15 de dezembro, foi deflagrada por tempo indeterminado. Os petroleiros exigem o atendimento dos três eixos da campanha reivindicatória: distribuição justa da riqueza gerada; fim dos Planos de Equacionamento dos Déficits da Petros (PEDs), que, segundo a FUP, penaliza aposentados e pensionistas; e reconhecimento da Pauta pelo Brasil Soberano, que envolve a defesa de uma Petrobrás pública e comprometida com o desenvolvimento nacional.

No domingo (21), a empresa apresentou ajustes em sua última proposta de acordo coletivo de trabalho. A federação considera que a proposta apresentada pela Petrobras tem “avanços significativos em relação aos três eixos de luta da campanha reivindicatória”.

A federação e seus sindicatos cobraram mais quatro pontos: que a proposta seja seguida por todas as subsidiárias; que não haja descontos dos dias parados na greve, nem punições aos grevistas; a garantia da isonomia entre os trabalhadores do terminal de Coari e de Urucu, no Amazonas; e que seja garantida a hospedagem para os trabalhadores offshore. Além disso, foi cobrado à Petrobras que apresente uma carta-compromisso para a solução dos Planos de Equacionamento dos Déficits da Petros (PEDs).

Na manhã desta segunda-feira, o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, e outros dirigentes que integram a Comissão de Negociação, estiveram no Edifício Senado (Edisen), sede da Petrobras, no Rio de Janeiro (RJ), pressionando a gestão da empresa para que apresente a contraproposta completa, com o atendimento desses quatro pontos e a carta-compromisso para resolver os equacionamentos da Petros.

A mobilização dos petroleiros atinge, até o momento, nove refinarias, 16 terminais operacionais, quatro termelétricas, duas usinas de biodiesel, dez instalações terrestres operacionais, duas bases administrativas e três unidades de Segurança, Meio ambiente e Saúde (SMS) e 28 plataformas offshore (no mar).

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