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A Smart Fit anunciou nesta terça-feira (2) ter fechado um contrato para assumir 60% do capital da Evolve, rede de academias com forte atuação no Centro-Oeste. O acordo prevê um aporte de até R$ 100 milhões em novas ações, sendo R$ 40 milhões no fechamento da transação e o restante condicionado ao cumprimento de metas ao longo de dois anos, corrigido pelo IPCA.
Segundo o comunicado ao mercado, a operação avalia a Evolve em R$ 199,7 milhões. A rede possui 28 academias próprias, a maior parte no Distrito Federal. Quatro dessas unidades foram inauguradas em 2025 e outras sete estão em construção. O negócio depende ainda de aval do Cade para ser concretizado.
Segundo o escritório STG Advogados, que auxiliou o grupo na estruturação, negociação e desenho societário, foi criado um modelo híbrido, que atendesse, ao mesmo tempo, aos padrões de governança da Smart Fit, porém flexível a fim de manter a autonomia e identidade estratégica da Evolve.
Quem é a Evolve
A Evolve opera no modelo de alto valor e baixo preço (HVLP), o mesmo adotado pela Smart Fit. A primeira unidade foi aberta no Edifício Brasil 21, na Asa Sul, até uma unidade emblemática da rede.
A rede tem unidades em Águas Claras, Taguatinga, Samambaia, Ceilândia, Sobradinho, Planaltina, Santa Maria, entre outras. Em Goiás, mantém unidades em cidades tais como Goiânia, Rio Verde e Catalão, Valparaíso, e, na Bahia, opera em cidades como Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. Segundo a rede, são 80 mil alunos matriculados.
A aquisição busca acelerar a expansão da Smart Fit em uma região onde sua presença ainda é limitada. O Centro-Oeste se tornou um dos mercados mais competitivos do país no segmento HVLP, com forte presença da rival Bluefit, o que torna a compra relevante ao garantir pontos comerciais já consolidados.
Preço atrativo
O Santander avalia a aquisição como positiva e geradora de valor, ainda que pequena frente ao tamanho da operação total da Smart Fit. Para o banco, o preço pago é considerado atrativo. O múltiplo implícito da transação é de seis vezes o Ebitda estimado para 2025, um desconto de 23% em relação ao múltiplo de cerca de oito vezes negociado pela própria Smart Fit no mesmo período.
O Itaú compartilha a leitura de que o negócio é pequeno no contexto geral e, por isso, não deve provocar grande reação no mercado. Em seus cálculos, o valor implícito por academia, de cerca de R$ 5,7 milhões, fica muito próximo do Capex médio de R$ 5 milhões necessário para abrir uma nova unidade no país, o que reforça a racionalidade da compra.
Localização é ponto alto
Para Santander e Itaú, o ponto central do negócio não é o tamanho financeiro da Evolve, mas onde ela está, já que a penetração da Smart Fit no Centro-Oeste é baixa.
O Itaú destaca que a aquisição garante à empresa acesso imediato a boas localizações em um mercado onde crescer organicamente pode ser mais difícil. O Santander reforça essa visão ao afirmar que a transação amplia a presença da Smart Fit em uma área de expansão tradicionalmente mais lenta.
Há também um componente competitivo evidente. O Centro-Oeste é hoje um dos principais focos de expansão da Bluefit, maior rival da Smart Fit no modelo HVLP.
Impacto pequeno
Apesar da relevância estratégica, o impacto financeiro imediato deve ser modesto. O Santander calcula que a Evolve contribuirá com apenas 1% a 2% do Ebitda consolidado da Smart Fit no curto prazo.
Para os próximos anos, porém, ambos os bancos projetam sinergias importantes. O Itaú espera que as unidades da Evolve sejam gradualmente convertidas ao padrão Smart Fit, como ocorreu em aquisições anteriores. O Santander também vê potencial para expansão de margens e ganhos operacionais à medida que a rede for incorporada ao ecossistema da companhia.
