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Sociedade civil apresenta propostas na Cúpula Popular do Brics e alerta: ‘Sucesso depende do compromisso dos governos’

by admin

A primeira Cúpula Popular do Brics debate formas como as diversas sociedades civis dos países membros podem influenciar políticas adotadas pelos poderes Executivos. No encontro desta terça-feira (2), os grupos de trabalho do Conselho Popular do Brics apresentaram suas conclusões e recomendações nas áreas de Educação, Saúde, Educação, Ecologia, Cultura, Finanças e Inteligência Artificial.

Na Saúde, Celia Medina, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, disse que o desafio era formular políticas que atendessem realidades e necessidades tão variadas dos países membros. Fundos e comitê intergovernamentais são peças fundamentais da estratégia, segundo ela.

“Em linhas gerais, podemos citar o fortalecimento dos sistemas de saúde, atenção primária, melhorar o sistema de informações, criar um observatório. O sucesso depende do compromisso ético dos governos”, disse Medina.

Já Natalia Bondarenko, chefe do hospital clínico federal 85 da Rússia, além de reforçar a importância de cooperação para proporcionar saúde a todos, destacou ainda a importância do cuidado da saúde mental.

“Um estado não é forte se seu povo não está bem mentalmente, precisamos apoiar quem precisa. Para isso, precisamos de ferramentas como educação emocional nas escolas, campanhas anti-estigma, telemedicina, reabilitação e proteção de vitimas de violência”, disse a médica russa.

Bondarenko disse que o Conselho Civil pode colaborar para alcançar as metas, com ênfase na cooperação internacional. “Temos um ditado que diz: ‘Se quiser chegar rápido, vá sozinho. Se quiser chegar mais longe, vá acompanhado’.”

Educação, Ecologia e Cultura

A sul-africana Margaret Molefe apresentou as recomendações do grupo de trabalho para a Educação. “É necessária uma maior cooperação nas áreas de ciência e educação entre países do Brics para oferecer oportunidades educacionais em tecnologias digitais, incluindo inteligência artificial”, disse ela, que citou parcerias com governos, academias e sociedade civil para o intercâmbio de conhecimento.

“Devemos reconhecer o conhecimento informal e aceitar mutuamente diplomas e certificações. Harmonizar leis para derrubar barreiras educacionais”, disse ela.

Maria Beatriz, da Plataforma Socioambiental do Brics, apresentou sugestões do GT de Ecologia, visando “alcançar a justiça climática e alternativas para o desenvolvimento sustentável popular do Sul Global”.

“Uma agenda de alternativas para o desenvolvimento sustentável e popular deve se basear nos princípios de prevenção de desastres ambientais. Na responsabilidade do poluidor pagador, da responsabilidade comum, porém diferenciada, da sociedade comum, porém diferenciada, da solidariedade intergerencial, da participação popular e do desenvolvimento sustentável”, disse ela.

Outras recomendações incluem o reconhecimento das comunidades da floresta como cruciais para a transformação ecológica, a responsabilização dos poluidores e recolocação de trabalhadores que atuem em industrias poluidoras e o entendimento que a questão ecológica interage com outras agendas do Brics e deve ser tratada em conjunto com elas.

“O GT de Ecologia afirma a necessidade de fortalecer esse fórum e mobiliá-lo para construir um programa de transição ecológica popular baseada em direitos: água, moradia, energia, transporte, cultura, saúde e educação”, conclui.

O presidente do Brics Arts Association, Sérgio Cohn, que apresentou as conclusões do GT de Cultura, disse que “a arte tem o papel de aproximar os povos, promovendo amizade, cooperação um mundo mais justo”.

Finanças e Inteligência Artificial

Samuel André Spellmann, professor de Economia Política na Universidade Federal do Pará (UFPA), apresentou recomendações do GT de Finanças, com o objetivo de “ampliar as possibilidades de engajamento, a criação de crédito multilateral, novos padrões para concessão de crédito e a cesta de grãos do Brics, proposta russa para negociar grãos entre o bloco, para reduzir a dependência do dólar em transações e fortalecer a segurança alimentar.

“Recomendamos a promoção de um sistema de taxas mais justo, a criação de uma plataforma Brics para o financiamento de tecnologias verdes, o incentivo a inovação por meio de startups e a redução das assimetrias tecnológicas no bloco”, disse ele.

“Aumentar o uso de moedas nacionais dos países em transações entre os países, com fortalecimento das soberanias vai garantir uma representação mais equilibrada das economias do Brics”, disse ele.

Ao apresentar as recomendações do GT que tratou do tema da Inteligência Artificial, a russa Irina Kostetskaya, diretora-adjunta da Fundação Infrasvyaz, disse que um dos problemas iniciais da questão são os diferentes estágios tecnológicos em que se encontram os países do bloco. A China, por exemplo, está em um patamar avançado. Brasil, Rússia, índia e Indonésia, por outro lado, em um estágio intermediário.

Segundo Kostetskaya, Egito, Irã, África do Sul e Etiópia apresentam um nível baixo de desenvolvimento tecnológico.

“O desenvolvimento de soluções de IA é impossível sem lidar com questões de infraestrutura, como internet de banda larga e centros de dados. A alfabetização digital é chave para garantir que as tecnologias beneficiem as populações como um todo e não só uma elite urbana”, concluiu.

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