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Sóstenes diz que dinheiro apreendido veio de venda de imóvel, mas versão tem contradições

by admin

Por Cleber Lourenço

Horas após a deflagração da Operação Galho Fraco, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) tentou explicar a apreensão de mais de R$ 400 mil em dinheiro em sua residência durante cumprimento de mandado da Polícia Federal. Em coletiva no início da tarde desta sexta-feira (19), o parlamentar afirmou que o valor teria origem na venda de um imóvel e que o comprador optou por realizar o pagamento em espécie.

A versão apresentada pelo deputado, no entanto, apresenta inconsistências relevantes. Inicialmente, Sóstenes declarou não se lembrar da transação. Minutos depois, passou a sustentar que o imóvel teria sido vendido recentemente e que a operação já estaria declarada à Receita Federal.

Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)

Ocorre que os valores apreendidos pela Polícia Federal estavam acondicionados em pacotes lacrados, o que indica que o dinheiro sequer havia sido contado. Esse detalhe fragiliza a afirmação de que o montante corresponderia exatamente ao valor da suposta venda do imóvel.

Além disso, não há, neste momento, qualquer exercício de imposto de renda aberto que permita a declaração de uma venda imobiliária realizada na semana passada, como afirmou o deputado. Do ponto de vista fiscal, a informação não se sustenta: a declaração só pode ocorrer no ajuste anual correspondente ao ano-base da operação.

Outro ponto que chama atenção é o pagamento integral em dinheiro vivo, prática que, embora não seja ilegal por si só, é atípica em transações imobiliárias e acende alertas em investigações que apuram lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

A apreensão do numerário ocorreu no mesmo contexto em que a Polícia Federal recolheu os telefones celulares de Sóstenes Cavalcante e do deputado Carlos Jordy (PL-RJ). As medidas foram autorizadas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, relator da Petição 14.918, que investiga um suposto esquema de desvio de recursos da cota parlamentar, uso de empresas de fachada e lavagem de dinheiro.

No despacho que embasou a operação, Dino destacou indícios de movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada de assessores ligados aos gabinetes dos parlamentares, além de conversas que sugerem pagamentos “por fora” e uso de contratos simulados de locação de veículos.



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