Um homem, de 27 anos, suspeito de espancar Alice Martins Alves, mulher trans de 33 anos, ao sair de uma balada em Savassi, região centro-sul da capital mineira, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de Minas Gerais. A decisão é assinada pela Ana Carolina Rauen Lopes de Souza, do 1º Tribunal do Júri Sumariante da Comarca da Capital.
Segundo informações da Itatiaia, o indivíduo identificado como Arthur Caique Benjamin de Souza, de 27 anos, era garçom do estabelecimento e na presença de outro colega de trabalho perseguiu e deferiu golpes contra Alice, que acabou morrendo no dia 9 de novembro em decorrência das agressões.
Na decisão, a juíza afirma que a investigação apontou indícios suficientes da autoria de Arthur e que a decretação da prisão preventiva é necessária para assegurar a regularidade do processo, já que o réu chegou a ameaçar uma testemunha do caso.
“A própria dinâmica delitiva evidencia a periculosidade do denunciado, diante das graves circunstâncias e da violência extrema empregada na prática da infração penal em apreço”, explica a magistrada.
Em relação ao outro garçom, William Gustavo de Jesus do Carmo, de 20 anos, a juíza afirmou que ainda não há a confirmação de que ele tenha exercido violência direta contra Alice e por este motivo permanece em liberdade.
“Extrai-se do caderno investigativo que a participação atribuída ao referido corréu limita-se, até o presente momento, à condição de segundo indivíduo presente no local dos fatos, o qual teria, segundo relatos colhidos, zombado da vítima e instigado o corréu principal a prosseguir nas agressões.”
Dívida de R$ 22
A CNN Brasil teve acesso a áudios gravados por um funcionário de um estabelecimento, onde ele afirma que a motivação das agressões teria sido em função de uma dívida de cerveja, de aproximadamente R$22.
“A gente podia vender pra ela que ela pagava na mesma hora, mas, dessa vez, ela saiu sem pagar, aí os meninos foram atrás dela e bateram nela até quase morrer. Aí morreu ‘fraga'”, afirmou o homem, em áudio.
A delegada Iara França, responsável pelo caso, explicou que, ao sair do estabelecimento, Alice foi intimada. Ela chega a dizer que efetuou o pagamento do valor, mas mesmo assim é agredida pelos dois homens.
A jovem acabou morrendo 18 dias depois, devido a complicações dos ferimentos. Alice teve costelas quebradas e o intestino perfurado.
Comportamento agressivo já havia sido relatado por Alice
Em um comentário feito em uma plataforma online, há cerca de três meses antes do crime, Alice avaliou o estabelecimento com apenas uma estrela e comentou que quase havia sido agredida e que não retornaria mais ao local.
Na avaliação, Alice ainda relatou que, na ocasião, os funcionários a acusaram de não pagar a conta. Apesar da afirmação de não retornar ao estabelecimento, Alice voltou em 23 de outubro, dia que foi agredida pelos funcionários.
Na época, a empresa emitiu uma nota afirmando que estava colaborando com as investigações e que repudiava qualquer ato de discriminação.
Crime
Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento do crime. Alice saia de um bar, no dia 23 de outubro, na Avenida Getúlio Vargas, quando o Arthur atacou a jovem enquanto outros dois homens riam da situação.
Após o ocorrido, Alice foi socorrida e levada para um hospital da região. A mulher chegou a ficar 18 dias internada, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia 9 de novembro.
De acordo com as informações divulgada pela família nas redes sociais, ela teria ido ao bar para se divertir. Quando voltou para casa estava machucada, com fraturas e precisou realizar um boletim de ocorrência.
*Sob supervisão de AR.
