O Brasil encerrou o mês de setembro com 79,1 milhões de inadimplentes, segundo dados da Serasa. Para esse grupo, realizar as tradicionais compras de fim de ano pode ser uma tarefa desafiadora. No entanto, novembro se tornou um mês decisivo para quem deseja reverter a situação financeira e garantir um fim de ano mais tranquilo, permitindo-se até comprar lembrancinhas, mas com responsabilidade.
Com o pagamento da primeira parcela do 13º salário neste mês, o educador financeiro Everton Barros explica que este é o momento ideal para os trabalhadores colocarem as contas em dia:
— Este pode ser o último recurso para evitar que pequenas dívidas se tornem bolas de neve impagáveis — afirma.
Caso o 13º não seja suficiente para cobrir todos os débitos, o especialista orienta priorizar a quitação das dívidas menores, pagar uma entrada significativa nas dívidas com juros mais altos e, por último, negociar prazos para os débitos restantes. Ele também lista dez dicas para quem quer limpar o nome e se preparar para as compras de fim de ano. Confira:
Faça um diagnóstico completo da situação
Antes de qualquer decisão, mapeie todas as dívidas com os valores principais, juros, prazos e credores. Inclua cartões de crédito, empréstimos, financiamentos e até pequenas dívidas esquecidas. É possível consultar seu CPF gratuitamente nos sites da Serasa ou do SPC Brasil para descobrir débitos que você desconhece.
Priorize as dívidas com juros estratosféricos
Com o cartão de crédito rotativo cobrando 443,3% ao ano e o cheque especial em 141% ao ano, essas modalidades devem ter prioridade. Siga a seguinte ordem de ataque: cartão de crédito rotativo e parcelado, cheque especial, crediário e financiamentos de lojas, empréstimos pessoais convencionais e, por último, o consignado pelo fato dos juros mais baixos, em torno de 26,5% ao ano.
Negocie com estratégia
Na negociação, sempre comece oferecendo 30% a 40% do valor à vista. Caso não consiga um desconto satisfatório, peça para dividir em menos vezes possível. É importante gravar todas as conversas e guardar os comprovantes dos acordos. Priorize aqueles que limpem seu nome imediatamente (evite promessas de “até cinco dias úteis”).
Corte o ciclo e pare de contrair novas dívidas
O custo do crédito no Brasil está entre os maiores do mundo, com juros rotativos ultrapassando 440% ao ano, por isso, enquanto não estabilizar a situação, evite parcelamentos em lojas, compras no crédito rotativo, saques no cheque especial e tomar crédito para pagar outro empréstimo.
Monte um orçamento realista
Defina quanto pode destinar às dívidas mensalmente sem comprometer despesas essenciais (moradia, alimentação, transporte e saúde). O educador financeiro explica que a adaptação 50-30-20 costuma funcionar: 50% para necessidades básicas, 40% para quitação de dívidas, 10% para emergências mínimas. Também é importante colocar os pagamentos prioritários em débito automático, para evitar atrasos, quebras de acordos e juros adicionais.
Busque renda extra de forma estruturada
Toda a renda adicional deve ir direto para o abatimento das dívidas mais caras. Opções imediatas como venda de itens não essenciais (roupas, eletrônicos antigos e móveis), trabalho freelancer em sua área (Workana, 99Freelas e GetNinjas), serviços sob demanda (delivery, motorista e pequenos serviços), monetização de habilidades (aulas particulares, consultorias e revisão de textos) etc.
Reserve um valor mínimo para emergências
Mesmo endividado, é preciso ter uma reserva emergencial mínima para não contrair novas dívidas no primeiro imprevisto. O especialista orienta a começar com uma meta de R$ 500 a R$ 1 mil ou 5% da renda mensal guardados em uma conta que renda pelo menos 100% do CDI.
Evite tentações de fim de ano
O 13º salário pode eliminar dívidas caras ou ser desperdiçado em consumo impulsivo. Uma destinação inteligente do 13º é direcionar 70% para quitar ou negociar dívidas prioritárias, outros 20% para reserva de emergência e 10% para necessidades essenciais de janeiro (IPTU, IPVA e material escolar).
Invista em educação financeira
Conhecimento é a única ferramenta que impede a reincidência no endividamento. Informação gratuita e de qualidade como o canal do YouTube do Banco Central (educação financeira oficial), cursos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), aplicativo da Serasa (educação financeira + controle de score), podcasts e canais de finanças pessoais de profissionais certificados são ótimas opções.
Visualize e deseje o futuro sem dívidas
Ter clareza do “porquê” você está fazendo esse esforço mantém a motivação nos momentos difíceis. São muitos os benefícios que motivam a sair das dívidas, como o acesso a crédito mais barato (score alto = juros menores). O nome limpo também abre portas para aluguel, financiamentos e empregos, além de se acostumar a ter o dinheiro trabalhando para você, não contra.
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Tá no vermelho? Confira dez dicas para limpar o nome para as compras de fim de ano
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