Cotado como um dos principais nome da direita para disputar contra Lula em 2026, o governador disse que as gestões do PT “não apresentaram nada nesse tempo todo” de governo para combater o crime organizado. “Essa turma que governa o Brasil há tanto tempo fez exatamente o que para a gente virar a mesa?”, questionou, ao falar sobre a área de segurança. “Vão apresentar agora? Claro que não”, afirmou Tarcísio a jornalistas, após uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. “E eles têm uma incapacidade de lidar com esse tema e de outros temas. Olha a situação fiscal no Brasil.”
Tarcísio disse que o país podia estar numa situação muito melhor, tanto na economia quanto no combate à violência. “E, a grande questão é: o que eles estão oferecendo? Será que é razoável a gente estar com juros de 15% como estamos hoje? Isso está ligado diretamente com a disciplina fiscal. E, aí tem uma situação que eclodiu, que é a da segurança pública, e o cidadão fala: ‘eu não aguento mais’. E a turma está aí há tanto tempo e ofereceu o que? É o esgotamento de um modelo. A sociedade está dizendo que não dá, precisa de outro caminho”, afirmou, ao ser questionado sobre o desempenho de Lula na pesquisa Genial/Quaest. “A gente tem que ver o que o Lula tem para mostrar para o Brasil”, afirmou o governador.
Segundo a pesquisa, Lula continua liderando as intenções de voto nos dois turnos, mas a diferença em relação aos adversários reduziu. Em um eventual segundo turno contra Tarcísio, Lula tem 41% e o governador de São Paulo, 36%. A diferença entre eles caiu para menos da metade em um mês, de 12 para 5 pontos.
Questionado sobre seu desempenho na pesquisa, em uma eventual disputa presidencial, Tarcísio desconversou e disse que “não está pensando nisso”.
O governador tem apoio das principais lideranças do Centrão para disputar em 2026. Dirigentes desse grupo político resistem em apoiar algum integrante da família Bolsonaro como candidato presidencial.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), padrinho político de Tarcísio, está inelegível até 2030, por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro deve ser preso ainda este ano.
Apesar de dizer que seu foco está em São Paulo, o governador tem feito uma série de conversas com empresários, investidores e dirigentes políticos para debater o cenário nacional e a eleição presidencial de 2026. Tarcísio tem atuado também na negociação de propostas no Congresso Nacional. O governador tem articulado, por meio de seu secretário estadual de segurança e deputado, Guilherme Derrite (PP), a aprovação de mudanças na legislação de combate a facções criminosas.
Derrite licenciou-se do cargo para relatar o projeto de lei antifacção, do governo federal. Desde que foi anunciado relator, na noite de sexta-feira, o deputado já apresentou quatro relatórios e continua sendo criticado pela falta de discussão para elaborar sua proposta. Derrite desgastou-se não só com o governo federal, mas também com bolsonaristas e com parte da bancada da bala.
Ao falar sobre a atuação de seu secretário na relatoria do PL antifacção, Tarcísio defendeu o adiamento da votação do projeto — apesar da insistência de Derrite em votar o mais rápido possível. “É um tema complexo, que tem que ser cuidado com cautela, com a calma necessária para que a gente tenha o melhor produto para o Estado”, disse. “O adiamento é bem-vindo porque não pode submeter um texto ao plenário do Parlamento sem ter o consenso, sem estar perfeitamente construído, sem que os parlamentares estejam confortáveis”, afirmou o governador.
Tarcísio defendeu ainda que o texto seja negociado desde já com senadores, para facilitar a tramitação.
Ontem, governadores de direita defenderam o adiamento por 30 dias da votação, mas Derrite resistiu ao pedido e apresentou horas depois a quarta versão de seu relatório. Em meio a críticas e à pressão de parlamentares, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), adiou a votação para a próxima semana.
