Home » Tornado no Paraná expõe como tragédias climáticas atingem mais as cidades vulneráveis

Tornado no Paraná expõe como tragédias climáticas atingem mais as cidades vulneráveis

by admin
Jose Cassio

Imagens aéreas da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, mostram bairros inteiros destruídos pelo tornado que passou pela região Centro-Sul do estado na noite desta sexta-feira (7). Foto: Agência Brasil

 

A passagem do tornado que devastou o Centro-Sul do Paraná revela, de forma dolorosa, como tragédias climáticas encontram terreno fértil nas regiões mais vulneráveis. Em Rio Bonito do Iguaçu, onde cinco moradores morreram e 80% da cidade ficou destruída, a força dos ventos que chegaram a 250 km/h encontrou casas frágeis, ruas sem drenagem adequada e bairros que historicamente recebem pouco investimento público.

Quarenta quilômetros adiante, em Guarapuava, outro morador morreu quando o ciclone extratropical avançou pelo estado. No total, seis vidas foram perdidas e ao menos 600 pessoas receberam atendimento médico, num cenário de colapso estrutural que ultrapassa o impacto meteorológico.

A cena descrita por moradores é clara: pedaços de telhado espalhados, carros arremessados, centros culturais inteiros ao chão. Famílias que já viviam com orçamento apertado perderam móveis, documentos, produtos de trabalho e a própria noção de segurança. Para muitos, a reconstrução dependerá não só da ajuda emergencial, mas de meses de improviso, favores de parentes e longos caminhos burocráticos.

Enquanto isso, bairros centrais de cidades maiores enfrentaram apenas quedas de energia e galhos na rua. A mesma tempestade que arrasou casas de madeira provocou apenas transtornos pontuais em áreas com planejamento urbano sólido. O episódio reacende uma discussão antiga: por que comunidades periféricas continuam sendo empurradas para áreas com risco evidente, sem obras de contenção e sem rede de drenagem capaz de suportar eventos extremos.

O Simepar classificou o tornado como EF3, o mais forte já registrado pelo órgão em mais de duas décadas. Mesmo assim, o impacto não foi igual em todo o território. A fraqueza da infraestrutura molda o tamanho da tragédia. A resposta emergencial mobilizou bombeiros, equipes de resgate e voluntários. Mas o que falta é a política de prevenção contínua: moradia segura, urbanização digna, monitoramento eficaz e obras que resistam ao clima de 2025, não ao de 1980.

O país não controla o vento, mas controla onde e como as pessoas vivem. No Paraná, o tornado apenas revelou mais uma vez quem paga o maior preço.



Créditos

You may also like