Em meio a uma onda de calor que tem levado as temperaturas a baterem recordes em diversas cidades do país, é comum buscar uma praia para se refrescar. No entanto, ao passo que os termômetros registram números mais de 5ºC acima do esperado para essa época do ano, há cuidados que devem ser tomados para evitar danos importantes à saúde, especialmente entre os mais novos.
Esse tema repercutiu no último final de semana após um vídeo viralizar mostrando policiais militares abordando um casal numa praia de Balneário Camboriú, Santa Catarina, para pedir que eles retirassem seu filho do local. O bebê, cuja idade não foi divulgada, estava sob o forte sol dentro de um carrinho enquanto as temperaturas batiam os 30ºC.
Abaixo, veja os cuidados que é preciso ter ao levar os pequenos à praia.
Em coluna recente publicada no GLOBO, o pediatra e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Daniel Becker lembrou que é sempre bom levar os pequenos para espaços ao ar livre, mas reforçou a importância de tomar medidas para evitar o impacto do calor.
“A praia, programa tão querido dos brasileiros, além de ser um ótimo lugar para brincadeiras criativas ou tradicionais, é sensacional para as crianças. Andar na areia promove força, equilíbrio e coordenação motora”, escreveu o especialista lembrando ainda os efeitos positivos cardiorrespiratórios e descongestionantes de se nadar no mar e aproveitar a luz do dia.
O primeiro cuidado para evitar os pontos negativos, porém, é estar atento aos horários. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o ideal é frequentar a praia antes das 9h ou depois das 16h, evitando o horário de pico da exposição solar, em que a radiação ultravioleta é mais intensa e prejudicial.
Idades para frequentar a praia
O Departamento Científico de Dermatologia Pediátrica da SBD recomenda a ida ou não à praia a depender da faixa etária:
- Durante os 6 primeiros meses de vida: os bebês não devem ser expostos diretamente ao sol;
- A partir dos seis meses e até o primeiro ano de vida: exposições devem ser curtas e nos horários apropriados (até às 10h e após as 16h), sempre com protetor solar. Fuja da exposição das horas próximas ao meio dia;
- Mais velhos: podem ter exposições maiores, porém com chapéus e roupas adequadas e sempre na sombra ou sob o guarda-sol pelo maior tempo possível;
Para as crianças maiores e adolescentes, é recomendado também o uso de óculos de sol.
Para garantir uma exposição solar saudável, a primeira medida é usar o protetor. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) explica que bebês com menos de seis meses, porém, não devem usar protetor solar químico.
Nessa fase, a pele do bebê é muito fina e permeável. Por isso, a fotoproteção deve ser mecânica, com roupas com proteção UV, chapéus, bonés e o uso de guarda-sol para evitar o contato direto do pequeno com os raios solares.
A partir dos seis meses, o uso de filtros solares infantis passa a ser indicado. Nesse caso, até os 5 anos, as alternativas infantis são recomendadas pois são testadas para a pele da criança, tendo uma composição mais apropriada para os mais novos, com componentes menos irritantes e mais seguros.
O filtro deve ser aplicado generosamente 20 a 30 minutos antes de se expor ao sol, que é o tempo necessário para a estabilização do protetor na pele. Além disso, deve ser reaplicado depois de entrar na água ou quando a criança suar muito, sempre secando bem a pele antes, e a cada 2 horas.
Devem ser priorizados filtros solares com Fator de Proteção Solar (FPS) de, no mínimo, 30, sendo ideal um FPS de 50 ou superior, sempre de amplo espectro (UVA/UVB).
Um dos maiores riscos em meio ao forte calor é a desidratação. Por isso, é importante se lembrar de manter as crianças hidratadas. Os responsáveis precisam ter isso em mente pois o pequeno pode demorar para demonstrar que está com sede, e apenas se manifestar quando já estiver em um quadro de desidratação.
“Mantenha as crianças sempre bem hidratadas. Se divertindo, elas esquecem da sede. Cabe aos adultos oferecer água com frequência, e eventualmente um suco diluído ou água de coco. Evite refrigerantes e bebidas desportivas”, orienta Becker.
Sobre a alimentação, o especialista recomenda que se ofereça alimentos saudáveis, dando prioridade aos vegetais: saladas, leguminosas (feijões, lentilha, ervilha, grão de bico), cereais integrais, legumes bem variados (incluindo folhas verde escuras) e muita fruta. Biscoitos, salgadinhos e sorvetes devem ser a exceção, e não a regra do dia a dia.
Cuidados extras com os mais novos
O pediatra recomenda ainda colocar uma pulseira com identificação na criança com o nome dela, dos pais e número de celular de um dos responsáveis. Outro cuidado essencial, continua, é com os acidentes por submersão:
“Eles acontecem em segundos, em geral por distração de adultos, são frequentes e podem ser graves. Quando em grupo, defina turnos para que haja sempre um adulto cuidando, que não deve ingerir álcool ou se distrair com o celular”, orienta.
