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A mais recente pesquisa Quaest/Genial, divulgada na tarde desta terça-feira (16), parece mesmo enterrar de vez o sonho presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). Apresentado nos últimos tempos como “o grande nome da direita”, como um suposto moderado, técnico e palatável ao “mercado”, o governador de São Paulo aparece com míseros 10% num cenário estimulado que inclui outros nomes de seu campo ideológico. Pior: fica atrás não só do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que marca 23%, mas até do governador paranaense Ratinho Junior, que pontua com 13%.
Os números maltratam quem já foi vendido como o “post Bolsonaro”. Aliás, sem Jair Bolsonaro (PL) na disputa, que indicou o próprio filho como seu sucessor, Tarcísio revela sua verdadeira dimensão: a de um político absolutamente dependente do ex-presidente condenado para existir nacionalmente. O líder extremista o “pegou pela mão” em 2022, transformou-o em fenômeno estadual e cogitou emplacá-lo como herdeiro. Fora dessa sombra, Tarcísio volta a ser o que sempre foi, um tecnocrata de currículo razoável, mas sem carisma, sem base própria e sem capacidade de aglutinar a direita raivosa que ainda domina o eleitorado bolsonarista.
Flávio Bolsonaro, que até outro dia era visto como um senador extremista e medíocre, lembrado muito mais pelo caso das rachadinhas do que por qualquer projeto legislativo, surge como o grande beneficiário da ausência do pai. Em todos os seis cenários testados pela Quaest, Flávio fica em segundo lugar, com variações entre 21% e 23%. Ele supera Tarcísio por 13 pontos percentuais no cenário principal e mantém a liderança mesmo quando a disputa inclui mais nomes, como Ciro Gomes (PSDB) ou outros governadores. É um sinal claro: o eleitorado bolsonarista puro e duro prefere o filho 01 ao pupilo fabricado em laboratório pelo “mercado”.
Ratinho Junior, por sua vez, também humilha Tarcísio. Com 11% a 13% dependendo do cenário, o governador paranaense, outro nome que o establishment financeiro opta por flertar de vez em quando, aparece sistematicamente à frente do carioca que governa os paulistas. Já o mineiro Romeu Zema (Novo), com 4% a 6%, e o goiano Ronaldo Caiado (União Brasil), com 3% a 4%, completam o quadro de uma direita fragmentada onde Tarcísio simplesmente não consegue se destacar.
Lula, como era de se esperar, lidera todos os cenários com folga (34% a 41%), mas o que chama atenção é o vazio deixado por Bolsonaro. O ex-presidente golpista ainda é o nome mais forte da extrema direita e setores satélites quando se mede rejeição ou lembrança espontânea, mas, inelegível ou não, sua decisão de lançar Flávio expôs a fragilidade dos substitutos. Tarcísio, que o mercado tentou vender como “o candidato viável”, revela-se exatamente o oposto. Ele nada mais é do que um nome artificial, inflado por colunistas e analistas financeiros, mas sem tração real junto ao eleitor.
A pesquisa Quaest, realizada entre 11 e 14 de dezembro com 2.004 entrevistados, em todas as unidades federativas do Brasil, coloca uma pá de cal definitiva nas pretensões nacionais de Tarcísio de Freitas. Sem Bolsonaro para carregá-lo no colo, ele é apenas mais um governador de desempenho sofrível, perdido em um pelotão de segunda linha, gritando seus impropérios num palanque que ninguém ouve. Nessa paisagem, não fica difícil perceber que o “candidato do mercado” morreu antes mesmo de ter vindo ao mundo.
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