O Aeroporto Internacional Simón Bolívar, o principal da Venezuela, recebeu, nesta quarta-feira (3), mais um voo com migrantes venezuelanos deportados pelos Estados Unidos. Esse é o 76º voo do tipo realizado pela administração Trump desde o início das operações, em fevereiro deste ano.
A aeronave da companhia estadunidense Eastern Airlines pousou por volta das 18h15 (hora de Brasília). À bordo estavam 266 repatriados.
A chegada da aeronave ocorre em um momento delicado para a aviação civil venezuelana, após uma nova escalada de ameaças de Washington.
O ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, acompanhou a chegada da aeronave. Em declaração aos jornalistas ele disse que a Venezuela é “vítima de diversas agressões e diferentes hostilidades”.
Neste final de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma publicação nas redes sociais, afirmou que “as companhias aéreas, pilotos e traficantes de drogas” devem considerar “o fechamento completo do espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela”.
Em resposta, o governo Maduro afirmou que o anúncio é uma violação de sua soberania. O comunicado, veiculado no último sábado (29), diz, ainda, que, com a decisão, o governo Trump “suspendeu, de maneira unilateral” os voos semanais que traziam migrantes venezuelanos deportados.
Nesta terça-feira (2), Caracas publicou um comunicado em que afirma que a Casa Branca solicitou autorização para retomar os voos de deportados venezuelanos ao país, para poder com a operação iniciada sob o governo Trump. O pedido foi aceito.
“Foi autorizado o ingresso em nosso espaço aéreo das aeronaves operadas pela empresa Eastern Airlines, para que pousem no Aeroporto Internacional de Maiquetía, como tem ocorrido de maneira periódica semanal às quartas-feiras e sextas-feiras, desde o acordo firmado entre nosso Governo e a administração norte-americana”, diz a nota.
Em reposta à publicação de Trump, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chamou a anúncio de ilegal e disse que as companhias aéreas do país podem ser sancionadas se mantiverem a suspensão de seus voos. “Na Colômbia, as empresas que se neguem a assumir os serviços aos quais se comprometeram devem ser sancionadas”, escreveu em sua conta no X.
No dia seguinte, segunda-feira (1º), o presidente colombiano anunciou a retomada dos voos. “A Colômbia restabelece o serviço aéreo civil com a Venezuela e convida o mundo a fazer o mesmo. É tempo de diálogo, não de barbárie”, publicou o mandatário em suas redes sociais.
O governo Lula, por outro lado, mantém uma postura neutra em relação à crise da aviação venezuelana.
Perguntado sobre a falta de um posicionamento mais contundente do Brasil, o chanceler Yván Gil contemporizou. “A rejeição [ao anúncio de Trump] foi unânime, de todas as nações do mundo. Nenhum país do mundo pode aceitar que uma autoridade extraterritorial governe seu espaço aéreo. Tenho certeza de que essa é a posição do governo do Brasil.”
Apesar do espaço venezuelano aéreo permanecer, oficialmente, aberto, o movimento no aeroporto de Manquetía caiu consideravelmente.
Desde o dia 21 de novembro, quando a Administração Federal de Aviação dos EUA emitiu um alerta de risco para o espaço aéreo venezuelano, várias companhias aéreas decidiram suspender seus voos com destino ou origem a Caracas. Como resposta, o governo Maduro cassou a licença de seis companhias, entre elas, a brasileira Gol.
