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Pesquisadores do Reino Unido deram um passo decisivo no campo da biologia sintética ao iniciar o Projeto Genoma Humano Sintético (SynHG), uma iniciativa ambiciosa que pretende criar DNA humano do zero em laboratório. O avanço reacende debates científicos, éticos e sociais, já que, se bem-sucedido, o projeto pode abrir caminho para a criação da primeira forma de “vida humana artificial”, ainda que em estágios iniciais e altamente controlados.
O SynHG conta com o apoio de instituições de ponta, como as universidades de Cambridge e Oxford, e recebeu um financiamento inicial de 10 milhões de libras esterlinas, o equivalente a cerca de R$ 72,5 milhões. O objetivo, segundo os cientistas envolvidos, é desenvolver um cromossomo humano sintético nos próximos cinco a dez anos, o que corresponderia a aproximadamente 2% do DNA humano total.
O que significa criar DNA humano sintético
Diferentemente da engenharia genética tradicional, que modifica genes existentes, a proposta do SynHG é construir sequências genéticas inteiras do zero, usando apenas informações digitais do genoma humano. Esse material seria então inserido em células vivas para estudar seu funcionamento, estabilidade e impacto biológico.
Os pesquisadores destacam que o foco inicial não é criar um ser humano completo, mas compreender melhor como o DNA funciona, como genes interagem entre si e como erros genéticos levam a doenças. A tecnologia pode revolucionar áreas como medicina regenerativa, terapias genéticas, produção de tecidos e até o desenvolvimento de novos medicamentos.
Possíveis aplicações médicas e científicas
Entre os benefícios esperados estão avanços no tratamento de doenças genéticas raras, câncer e distúrbios degenerativos. Com cromossomos sintéticos, cientistas poderiam projetar células resistentes a vírus, corrigir mutações complexas ou criar modelos biológicos mais precisos para testes farmacológicos, reduzindo a dependência de experimentos em animais.
Além disso, a pesquisa pode ajudar a responder questões fundamentais sobre a vida humana, como os limites da manipulação genética e os mecanismos que garantem o funcionamento saudável das células.
O projeto, no entanto, também levanta preocupações éticas significativas. Especialistas alertam para os riscos de uso indevido da tecnologia, a possibilidade de desigualdade no acesso a futuros tratamentos e os limites morais da criação de material genético humano artificial. Por isso, os responsáveis pelo SynHG afirmam que o desenvolvimento será acompanhado por comitês de ética independentes e por amplo debate público.
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