Considerado um dos maiores atores da história do cinema italiano, Marcello Mastroianni (1924-1996) morreu há exatos 29 anos, em 19 de dezembro de 1996, aos 72 anos. Ícone do cinema de autor europeu, ele deixou uma carreira com mais de 140 filmes e um patrimônio imobiliário que inclui uma mansão histórica na Toscana, colocada à venda anos após sua morte por cerca de R$ 3 milhões.
Marcello Vincenzo Domenico Mastroianni nasceu em 28 de setembro de 1924, na pequena cidade de Fontana Liri, na Itália. Iniciou a trajetória artística ainda jovem, após trabalhar como figurante no cinema nos anos 1940. A afirmação profissional veio no pós-guerra, quando passou a atuar também no teatro, sob a direção de nomes como Luchino Visconti (1906-1976), que o escalou para montagens de Shakespeare (1564-1616) e Tennessee Williams (1911-1983) em Roma.
Nos anos 1950, Mastroianni consolidou-se no cinema italiano ao transitar com naturalidade entre comédias e dramas. O reconhecimento definitivo veio com Divórcio à Italiana (1961), papel que lhe rendeu prêmios importantes e uma indicação ao Oscar. Pouco depois, ele se tornaria um astro internacional ao protagonizar dois marcos do cinema mundial: A Doce Vida (1960) e 8½ (1963), ambos dirigidos por Federico Fellini (1920-1993).
Ao longo da carreira, Mastroianni trabalhou com alguns dos maiores cineastas do século XX, como Vittorio De Sica (1901-1974), Mario Monicelli (1915-2010), Ettore Scola (1931-2016) e Marco Ferreri (1928-1997). Formou também uma das parcerias mais emblemáticas do cinema italiano ao lado de Sophia Loren (91), com quem atuou em sucessos como Ontem, Hoje e Amanhã e Matrimônio à Italiana. Seu talento lhe rendeu duas Palmas de Melhor Ator no Festival de Cannes, feito alcançado por poucos intérpretes na história do cinema.
Assista a uma cena de Marcello Mastroianni no filme Um Dia Muito Especial:
Despedida
Em 1996, o ator descobriu um câncer no pâncreas, mas seguiu trabalhando mesmo durante o tratamento. Seu último filme foi Viagem ao Princípio do Mundo, dirigido por Manoel de Oliveira (1908-2015). Marcello Mastroianni morreu em Paris, em seu apartamento, cercado por pessoas próximas, incluindo a atriz Catherine Deneuve (82) e a filha Chiara Mastroianni (53). Ele foi enterrado no cemitério Campo di Verano, em Roma.
Casa de Campo
Além do legado artístico, Mastroianni deixou imóveis que se tornaram parte da história cultural italiana. Um deles é uma mansão localizada em Pescaglia, na Toscana, adquirida pelo ator em 1974. Construída por volta de 1700, a propriedade tem cerca de 900 metros quadrados distribuídos em três andares, além de torre, adegas, forno, capela e terrenos cercados por oliveiras, vinhedos e bosques. Após a morte do ator, o imóvel ficou com as filhas Chiara e Barbara Mastroianni (1951-2018), que decidiram colocá-lo à venda em 2014 por cerca de 1,2 milhão de euros, o equivalente a aproximadamente R$ 3,4 milhões na época.

‘Verdadeiro paraíso terrestre’
Outro imóvel ligado ao nome de Mastroianni é a célebre Villa La Prora, também conhecida como a “vila branca com torres”, situada em Castiglioncello, na Toscana, com vista para a Buca dei Corvi e a antiga estrada Aurelia. Construída em estilo Art Nouveau no início da década de 1920, a casa foi frequentada por grandes nomes do cinema italiano e europeu. Antes de Mastroianni, a vila foi alugada por Luchino Visconti, que passou longos verões no local, e recebeu visitas de artistas como Alain Delon (1935-2024), Franco Zeffirelli (1923-2019), as irmãs Kessler e Giorgio Albertazzi (1923-2016).
Leia também: Cantora chega aos 24 anos com fortuna de R$ 276 milhões vivendo na casa da família de R$ 4 milhões
Encantado pela região, Mastroianni comprou a Villa La Prora em 1964 e costumava dizer que Castiglioncello era, para ele, um “verdadeiro paraíso terrestre”. Apaixonado por arquitetura e reformas, ele próprio participou da renovação do imóvel, que foi decorado de forma elegante e funcional. Da sala principal, segundo relatos da época, a vista para o mar dava a sensação de estar na proa de um navio. A propriedade permaneceu com a família até o fim da década de 1990 e chegou a servir de cenário para o filme Enrico Caruso: A Lenda de uma Voz, em 1951.

