Home » A urgência da paz no coração humano

A urgência da paz no coração humano

by admin

Vivenciamos situações que favorecem ou urgem a necessidade da presença da Paz. Afinal, o que é a Paz tão almejada? É possível experimentá-La diante de tantos conflitos pessoais e familiares, diante de tantas guerras e misérias? Como estabelecê-La diante do caos moral, dentro e fora da Igreja de Jesus Cristo?

Diác. Adelino Barcellos Filho – Diocese de Campos/RJ.

Diante desses questionamentos, observamos que existe um convite, e não respostas prontas, pré-estabelecidas ou pré-determinadas. Por que uma palavra tão concisa, composta em média de três a sete letras (pax – ειρήνη – shlama (שלמא) – Shalom (שָׁלוֹם) – pace – paz – peace – paix – vrede – Frieden – 平和 (Heiwa)), é tão almejada?

Atinge precisamente a realidade mais sublime, da qual o Criador não abdica, (mesmo naqueles humanos que almejam a Paz, mediante o custo das guerras, dos conflitos e com o sacrifício de inúmeras pessoas inocentes), da genuína Liberdade, fundamento da Sua Fidelidade, conforme reiteradamente expressamos: “Deus é fiel por ser fiel à Sua própria Liberdade”, e concedeu-nos de forma nobre ao criar-nos à Sua Imagem e Semelhança, dotados de plena liberdade (liberum arbitrium).

Em virtude disso, o que se manifesta são indícios (Vestigia Dei). Esta reflexão teve como premissa uma apreciada composição do nosso estimado Padre Zezinho: ” Estou Pensando Em Deus/Estou pensando no Amor… Eu me angustio quando vejo/Que depois de dois mil anos/Entre tantos desenganos/Poucos vivem Sua Fé/Muitos falam de Esperança/Mas esquecem de Você… /Tudo seria bem melhor/Se o Natal não fosse um dia/E se as mães fossem Maria/E se os pais fossem José/E se a gente parecesse/Com Jesus de Nazaré….

Recentemente, o Papa Leão XIV, em uma de suas alocuções, advertiu-nos sobre uma paz que não se fundamenta no medo ou em armamentos, mas que desarma corações e fomenta a confiança. Tal preceito constitui um convite ao diálogo e à empatia (colocar-se no lugar do outro), em detrimento do ódio, e um encorajamento aos jovens para que se tornem sementes de paz em um contexto de hostilidade. O Sumo Pontífice define a paz como “um processo ativo de Vida e Esperança”.

O Papa Francisco descreve a Paz como uma “construção ativa”, bem como “um dom de Deus concedido a corações abertos e humildes”. Todos almejamos a paz, mas frequentemente o que desejamos é estar em paz, ser deixados em paz, não ter problemas, apenas tranquilidade. Na verdade, a paz requer ser edificada. Aqueles que deflagam a guerra negligenciam a humanidade. Deus está com aqueles que promovem a paz, e não com aqueles que recorrem à violência. Sejam peregrinos de esperança e construtores da Paz.

A única forma de violência admissível é aquela proclamada por Nosso Senhor: “o Reino dos Céus é tomado à força, e são os violentos que o arrebatam” (Mateus 11, 12) – o esforço integral no caminho da santidade; uma luta cotidiana contra as próprias inclinações, a tendência ao mal inerente à Liberdade, que se afastam da Santíssima Vontade de Deus (Uno e Trino); a vigilância constante contra as ciladas do diabo, da concupiscência, do mistério da iniquidade, tantas vezes disfarçado de “bem” e/ou de “pessoa virtuosa”.

O Papa Bento XVI ensinou que a paz verdadeira emana de Deus e requer uma profunda transformação interior, enfatizando a liberdade religiosa, a justiça e o perdão, e condenando a violência, a indiferença e o olvido (demoras) de Deus como impedimentos, e asseverando (afirmando com grande certeza) que “onde Deus não é glorificado não há paz” e que a paz constitui O Caminho, não um mero destino, demandando que sejamos “operários da paz”.

São João Paulo II expressa veementemente que, não é razoável supor que a simples ausência de conflitos, embora seja um anseio legítimo, constitua a paz verdadeira. A paz autêntica apenas se materializa quando é complementada pela equidade (tratar as pessoas de forma justa), verdade, justiça e solidariedade.

As razões fundamentais, de natureza teológica e espiritual, pelas quais o Deus encarnado e “Príncipe da Paz” (Isaías 9, 6) se manifesta e se torna acessível, encontram-se na Sua exortação: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-La dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14, 27). 

O “Príncipe da Paz” optou por nascer de uma Mãe Imaculada, preparada desde a preexistência da criação. Ela constitui a intercessora que orienta os fiéis rumo ao Caminho da Paz, mesmo em meio às maiores adversidades, configurando-se como um símbolo de serenidade e fortaleza, notavelmente associada às aparições em Medjugorje, onde se apresenta como “Rainha da Paz”.

Jesus Cristo é o Rei que trouxe a verdadeira Paz ao mundo. Como Sua Mãe, Maria é a Rainha que nos apresenta a Ele, o Caminho para a Paz. Ela nos convida à oração do Santo Rosário (em meditação sobre a Palavra e Seus Mistérios revelados), à Confissão Sacramental (realizada com um Sacerdote ou Bispo), e à recepção da Sagrada Comunhão (em estado de Graça); pois, “aquele que o come e o bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação” (1 Coríntios 11, 29). Quantas comunhões sacrílegas há no mundo!

O Santo Rosário é uma oração centrada em Cristo, na qual a Virgem Maria, em união conosco, suplica pela Paz mundial e pela presença de Seu Filho, como nas aparições de Fátima e Medjugorje. Maria, em total conformidade com a Vontade Divina, é um modelo de Paz por meio do Amor e do Serviço. Sua Realeza é de Amor e Misericórdia, e Ela nos convida a seguir Cristo (“fazei tudo o que Ele vos disser” – João 2, 5), intercedendo pelos sofredores e oprimidos por conflitos e angústias.

Maria colaborou na obra de Cristo, o Rei, e, em virtude disso, é coroada Rainha, exercendo a realeza com Ele e por Ele, sempre dedicada à nossa salvação e reconciliação. A sua existência encerra um apelo central à obediência plena a Jesus, o Rei do Universo, que lhe confere o poder e os dons extraordinários que Lhe aprouver, Ele quer.

Ela é, por fim, Rainha da Paz, pois é a Mãe do Rei da Paz. Ela nos conduz a Ele, intercede por nós e nos instrui sobre como vivenciar a Paz de Cristo, um título que, por excelência, reflete sua Missão e seu Amor Maternal. Salve Rainha! “Esta é a Paz que excede (vai além) todo o entendimento”. (Filipenses 4, 7). 

Ó Maria Santíssima, Rainha da Paz, doce Mãe de Jesus Cristo, “Príncipe da Paz”, eis a vossos pés vossos filhos tristes, conturbados, cheios de confusão, pois a Paz se afastou de nós em decorrência de nossos pecados e transgressões. Quando nasceu em Belém, os Anjos nos anunciaram a Paz. Afastai para longe de nós os sentimentos de amor próprio, expulsai de nós o espírito de inveja, maldição e discórdia. 

Abençoai-nos, dirigindo os nossos passos no Caminho da Paz, da união e mútua caridade, para que, formando aqui a Vossa Família, possamos no Céu bendizer-vos e a vosso Divino Filho, por toda a Eternidade Feliz.

Assim seja.

Créditos

You may also like