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Deputado alemão do AfD vira réu por saudação nazista no parlamento

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De BERLIM | A Promotoria de Berlim apresentou nesta segunda-feira (15) denúncia formal contra o deputado federal Matthias Moosdorf, do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), acusado de ter realizado uma saudação nazista dentro do Parlamento alemão, o Bundestag. O caso, ocorrido em junho de 2023, reacende o debate sobre a proximidade ideológica do AfD com o extremismo de direita e o revisionismo histórico ligado ao nazismo.

Segundo a acusação, Moosdorf teria cumprimentado um correligionário com um “hackenschlag” — a batida de calcanhar típica do regime nazista — seguido do chamado “Hitlergruß”, gesto proibido por lei na Alemanha por se tratar de símbolo de uma organização anticonstitucional. O episódio teria ocorrido no espaço de guarda-volumes de uma das entradas do Reichstag, durante uma sessão em andamento do Bundestag, em local visível a outras pessoas.

Em outubro, o Parlamento suspendeu a imunidade do deputado para permitir o avanço das investigações. A Promotoria sustenta que Moosdorf tinha plena consciência de que o gesto poderia ser observado por terceiros, o que configura crime segundo a legislação alemã. O parlamentar nega as acusações e afirma que o caso seria “absurdo”, alegando ausência de provas consistentes.

AfD e a normalização do extremismo

O episódio, no entanto, está longe de ser isolado. O AfD acumula um longo histórico de declarações, gestos e posicionamentos extremistas, frequentemente relativizando crimes do regime nazista ou atacando pilares da ordem democrática do pós-guerra. Essa trajetória levou o partido a ser colocado sob monitoramento do Escritório Federal para a Proteção da Constituição (Bundesamt für Verfassungsschutz – BfV), o serviço de inteligência interno da Alemanha, que avalia a sigla como uma ameaça potencial à democracia liberal.

Diversas alas regionais do AfD já foram oficialmente classificadas como extremistas, e dirigentes do partido figuram com regularidade em investigações relacionadas a discurso de ódio, racismo e apologia indireta ao nazismo. Especialistas apontam que o uso simbólico de gestos e códigos do Terceiro Reich funciona como forma de comunicação ideológica para sua base mais radical, testando os limites legais e institucionais do país.

Isolamento interno e controvérsias

Moosdorf, que integra o Bundestag desde 2021, também é figura controversa dentro do próprio partido. Conhecido por sua proximidade com a Rússia, perdeu espaço na bancada após viagens não autorizadas ao país e chegou a ser multado internamente. Ainda assim, sua permanência no AfD ilustra a tolerância estrutural da legenda com comportamentos incompatíveis com a ordem constitucional alemã.

Enquanto a Alemanha enfrenta o crescimento da extrema direita nas pesquisas eleitorais, o caso reforça os alertas de autoridades, historiadores e organizações civis sobre a normalização de símbolos e práticas ligadas ao período mais sombrio da história do país. 

*Com informações da AFP e Tagesschau

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